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Marco de Paranaguá, o estilo neoclássico da estação recupera traços da arquitetura greco-romana | Osvaldo Eustáquio / Gazeta do Povo
Marco de Paranaguá, o estilo neoclássico da estação recupera traços da arquitetura greco-romana| Foto: Osvaldo Eustáquio / Gazeta do Povo

Duas grandes disputas políticas e econômicas aconteceram no Paraná no século 19. Uma diz respeito à sua emancipação e consequentemente à disputa sobre qual cidade sediaria a capital da nova província. Essas questões foram somadas a fatores geopolíticos, como o traçado de uma estrada trafegável por carroças entre o Litoral e o planalto paranaense, e mais tarde a uma disputa sobre qual seria o roteiro e onde se instalaria a estação final. Por ordem do imperador dom Pedro II, foi construída a Estação Ferroviária de Paranaguá, obra que, somada ao porto, beneficiaria a cidade como terminal de cargas terrestres e marítimas.O prédio da estação bem como um trecho que ligava a cidade a Morretes foram inaugurados em 1883. Dois anos depois o trecho foi estendido até Curitiba. Em 1922, a estação foi ampliada e ganhou as características que tem hoje. De acordo com o professor e pesquisador de História Florindo Wistuba Júnior, essas modificações "se deram em homenagem ao primeiro centenário da Indepen­dência do Brasil".

Tombamento

Tombada como patrimônio histórico estadual em 1990, hoje a estação está fechada e sem reforma completa há pelo menos 15 anos, segundo a prefeitura de Paranaguá. A estação não tem museu que mostre a sua importância como patrimônio histórico, mas conta com uma placa que traz informações da sua inauguração.

Para Wistuba, além da questão estética, o prédio necessita de reformas na estrutura. "Precisa de atenção no telhado, no piso, e a parte elétrica está totalmente comprometida?", observa. "É um marco histórico de Paranaguá com estilo neoclássico que recupera características da arquitetura grega e romana. É um local que recepcionou governadores, presidentes, famílias importantes e tradicionais", afirma Wistuba Júnior.

Não há registros que apontem o número de pessoas que passaram pela estação. Mas Wistuba acredita que o índice aponte para milhares. "Até a década de 1970 centenas de pessoas desciam a Paranaguá nos finais de semana. Lembro que no domingo a estação recebia trem com até 20 vagões cheios de pessoas", diz.

Dia 8, o Instituto do Patrimô­nio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) repassou o patrimônio para a prefeitura de Paranaguá, que terá direito sobre o prédio por 20 anos. O pedido já havia sido feito pelo município há cinco anos. Somente com essa cessão o poder público municipal poderá fazer benfeitorias no prédio.

O prefeito de Paranaguá, José Baka Filho, afirma que o município não tem recursos suficientes para o restauro, mas salienta que a prefeitura, juntamente com o Iphan, vai tentar buscar recursos por meio de projeto de incentivo à cultura. "Acho que as empresas instaladas em Paranaguá, que têm suas atividades aqui, os seus lucros aqui, devem ajudar a preservar o patrimônio da nossa Paranaguá. Vamos buscar junto a essas empresas, ligadas ao porto, para nos ajudar a ter essa soma de recursos necessária para fazer o restauro desse magnífico prédio", relatou Baka.

De acordo com informações da prefeitura, nos próximos dias deverá começar o estudo para verificação das necessidades do prédio. A prefeitura estima que uma revitalização completa custe em torno de R$ 1,3 milhão.

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