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Trânsito

Estacionamento em praça da capital gera desavença

No próximo dia 23 de abril, a administradora de empresa Sirlene (prefere não ter o sobrenome revelado), 41 anos, e o guardador de carros Carlos Campanholi, 43 anos, vão se encontrar em uma audiência no Tribunal de Pequenas Causas de Curitiba. Na sexta-feira passada, os dois protagonizaram um desentendimento no estacionamento da Praça Carlos Gomes, no Centro, que terminou com a abertura de um Boletim de Ocorrência por parte de Sirlene contra Campanholi. Motivo: a disputa por uma das 33 vagas regulamentadas no local.

"Eles pensam que são donos da rua. Coagem as pessoas a pagar pelo estacionamento que é público e se você não pagar é ofendido", relata Sirlene, que afirma ter sido enxotada do local com palavrões pelo guardador. Campanholi se defende, dizendo que já estava no local esperando pela vaga quando Sirlene tentou ocupar o espaço. "Não ofendi ela em nenhum momento. Minha consciência está limpa", afirma.

Cenas como essa são comuns na Carlos Gomes. Os motoristas reclamam que se não dão dinheiro ou compram deles a folha do Estacionamento Regulamentado (Estar) de uma hora – cujo preço é de R$ 0,75, mas que na mão dos guardadores sobe para R$ 2,50 – são vítimas de xingamentos e ameaças. Não só eles reclamam.

A própria Diretoria de Trânsito (Diretran) é obrigada a reforçar a equipe para fiscalizar o local – no mínimo duplas. Isso porque, segundo o chefe do setor de Estar da Urbs (empresa que gerencia o trânsito na cidade), Pedro Luiz Rosso, os agentes são alvos constantes de agressões verbais no local, não apenas de guardadores, mas também dos próprios motoristas. "Enviamos o pessoal em equipes para evitar problemas", argumenta Rosso.

Um policial militar, que pediu para não ter o nome identificado e que trabalha no módulo da praça, confirma as desavenças. Entretanto, ele diz que são muito poucas as pessoas que procuram a polícia para reclamar da ação dos guardadores. "Elas dizem que não querem se incomodar. Dessa forma não há como fazer denúncia e abrir um Boletim de Ocorrência na delegacia", afirma. O soldado afirma que um guardador do grupo em específico gera mais trabalho ao policiamento.

Os guardadores se defendem. Alegam que não agem dessa forma. Entretanto, um dos cerca de dez flanelinhas que atua na praça e também não quer se identificar afirma que ultimamente alguns deles andam realmente se exaltando e manchando a imagem de quem trabalha no local.

Mesmo assim, a confiança por parte dos motoristas em alguns deles é tamanha que chegam a deixar a chave do próprio carro na mão dos guardadores, o que a Urbs não recomenda. Basta uma rápida olhada nos cintos de alguns, sempre carregados de molhos de chaves, para comprovar.

Campanholi afirma que os guardadores cumprem, de certa forma, o papel dos agentes orientando o trânsito. "Eles demoram muito para passar aqui. Se não fosse a gente, isso estava uma bagunça", disse, enquanto, com outros companheiros, tentava organizar uma fila de seis carros parados esperando vaga – nas duas horas em que a reportagem esteve no local, nenhum agente passou pela praça.

Ontem até o policial militar organizava o local, pedindo aos motoristas que retornassem, já que havia fila para estacionar no local. Rosso afirma que os horários dos agentes no local não são fixos, mas que eles passam de duas em duas horas pela Carlos Gomes.

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