O governo do estado prometeu depositar, até hoje, R$ 7,1 milhões na conta das empresas de ônibus para evitar uma nova greve da categoria em Curitiba e região. Segundo os empresários, esse é o valor que falta para quitar a folha salarial de seis mil funcionários de 12 viações metropolitanas integradas. O salário de motoristas e cobradores tem de ser depositado no 5.º dia útil. No mês passado, a categoria parou após atraso no vale.
A promessa da gestão Beto Richa foi dada ontem, no fim da primeira audiência que trataria do dissidio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR).
Segundo a Urbs, o estado entrou 2015 devendo R$ 16,5 milhões ao sistema. O valor se refere aos subsídios do último trimestre de 2014. No fim de janeiro, o governo repassou R$ 5 milhões para acabar com a última greve. Desse valor, R$ 3,8 milhões serviram para abater parte da dívida. O restante foi diretamente para a conta das empresas metropolitanas para pagar parte do serviço prestado em janeiro.
Após o depósito, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e a Urbs decidiram que toda receita obtida pelo pagamento com cartão nas linhas metropolitanas seria retida pela empresa ligada ao município para abater a dívida. No momento, segundo a Urbs, faltam exatamente os R$ 7,1 milhões.
A promessa da quitação do débito veio após mais de três horas de discussões. E foi anunciada por um representante do estado que sequer estava sentado à mesa no início da audiência. Raul Siqueira foi enviado às pressas ao local. Ele chegou após representantes dos trabalhadores e empresários terem conversado por telefone com o secretário do Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr., pasta à qual está subordinada a Comec.
Segundo apurou a reportagem, Ratinho Jr. mostrou surpresa ao ser informado de que somente um depósito de R$ 7 milhões por parte do estado evitaria nova paralisação. Em rápida entrevista concedida após a audiência, Siqueira disse que o depósito ainda dependeria de uma autorização da Secretaria da Fazenda. "Mas já houve reuniões. A expectativa é fazermos o depósito até às 14 horas de amanhã [hoje]", afirmou.
Para garantir o depósito, o procurador Gláucio Araújo propôs ao desembargador Luiz Eduardo Gunther que se estabelecesse multa diária de R$ 1 milhão à Comec em caso de descumprimento do acordo e sugeriu ainda o bloqueio online das contas do estado. O magistrado afirmou que aguardaria até a audiência de hoje para decidir sobre o pedido. O encontro está marcado para às 14 horas e deverá dar início às negociações pelo reajuste.
Peso
Ontem, o Sindimoc questionou informações da prefeitura de Curitiba. Segundo o sindicato, o peso dos salários de cobradores e motoristas na tarifa é de 23% e não 48% como informado pela gestão municipal. O porcentual estaria sendo inflado com salários de gerentes e de 100 diretores que ganhariam, em média, R$ 45 mil por mês. "São 4,3 milhões mensais que saem da tarifa, quase o mesmo valor que pagaria todos os cobradores". A categoria pede reajuste de 6,4% nos salários, mais a correção pelo INPC.