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Estado vai ocupar as cracolândias de Curitiba

Os módulos são móveis para acompanhar os deslocamentos de usuários pela cidade | Sesp/ Divulgação
Os módulos são móveis para acompanhar os deslocamentos de usuários pela cidade (Foto: Sesp/ Divulgação)

As chamadas "áreas de uso de crack" de Curitiba, popularmente conhecidas no país como cracolândias, serão ocupadas por módulos móveis de policiamento nos próximos meses. Na semana passada, o governo do Paraná recebeu do Ministério da Justiça três kits compostos por micro-ônibus, câmeras, viaturas, motocicletas e armamento não letal. A ideia inicial é de que o Centro e o bairro Rebouças dividam um dos módulos e os outros dois fiquem nas regiões do Cajuru e da Cidade Industrial (CIC). O início do monitoramento, entretanto, depende da instalação da estrutura que receberá as câmeras de vigilância.

Apesar de as áreas de uso terem sido previamente identificadas, os módulos de policiamento são móveis justamente para acompanhar os deslocamentos frequentes de usuários pela cidade. Em São Paulo, por exemplo, uma tentativa de saturar a região conhecida como cracolândia nos bairros Luz e Campos Elíseos acabou fazendo usuários e traficantes migrarem para bairros vizinhos.

Prender e tratar

As regiões de Curitiba onde ficarão os módulos foram informadas pelo Ministério da Justiça e confirmadas pelo coordenador de polícia comunitária da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) do Paraná, coronel Heraldo da Silva. De acordo com ele, o início da operação depende apenas da liberação da prefeitura para que uma empresa contratada pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) instale a estrutura de postes onde ficarão as câmeras. A administração municipal informou que o assunto será definido nos próximos dias.

A expectativa do governo federal é de que o monitoramento das cenas de uso ajude a identificar e prender traficantes e também a tratar os dependentes. Os policiais que ficarão nos módulos foram treinados para atuar dentro do conceito de "polícia de proximidade", filosofia segundo a qual o consumo de drogas é problema de saúde pública e que, por isso, prioriza o atendimento médico e psicossocial aos dependentes.

Os módulos

Cada kit do módulo é composto por um micro-ônibus, 20 câmeras de alta resolução, duas viaturas, duas motocicletas, 50 pistolas taser e 150 sprays de pimenta. A presença de armamento não letal, segundo o coronel Heraldo, pode parecer um paradoxo em relação à filosofia da polícia comunitária, mas ele garante que o atendimento a quem for flagrado usando drogas será "humanizado".

"Muita gente vê o armamento não letal de uma forma agressiva, mas ele serve para deter a pessoa sem que ela se machuque. No treinamento dos policiais, inclusive, tivemos matérias que trataram do uso gradativo da força caso ela seja necessária, por exemplo, para auxiliar as equipes de saúde", disse. Em todo o Paraná, mais de 400 policiais foram capacitados para atuar no programa em cursos de 60 horas/aula ministradas durante 30 dias.

Plano anticrack prevê R$ 4 bi no país até 2014

O plano nacional de combate ao crack não se resume à aquisição dos módulos de policiamento. O governo federal promete investir R$ 4 bilhões até 2014 para ampliação do atendimento aos dependentes da droga em todo o país. Tanto o governo do Paraná quanto a prefeitura de Curitiba aderiram ao programa e receberão R$ 272 milhões – sendo R$ 102,2 para o município.

De acordo com o governo, R$ 48,5 milhões serão investidos para criar 828 novos leitos destinados a usuários de drogas no Paraná – seja por meio de parcerias com comunidades terapêuticas ou abertura de leitos em enfermarias especializadas, além de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps) 24 horas.

Ainda segundo o governo, outros R$ 43,9 milhões devem ser empregados na construção e ampliação de quatro centros voltados aos moradores de rua. O governo também promete criar 1,1 mil novas vagas em unidades de acolhimento e alocar mais nove equipes de abordagem social para atuar nas ruas de Curitiba.

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