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“O discurso da obrigatoriedade da educação básica como um todo passa a trazer para os estados desafios de construir mais escolas, de ter mais laboratórios, de fazer mais ações curriculares adequadas a uma população cada vez mais diversa, que antes não chegava até a escola.” | Julio Covello/ AENotícias
“O discurso da obrigatoriedade da educação básica como um todo passa a trazer para os estados desafios de construir mais escolas, de ter mais laboratórios, de fazer mais ações curriculares adequadas a uma população cada vez mais diversa, que antes não chegava até a escola.”| Foto: Julio Covello/ AENotícias

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Confira quem é Yvelise Arco-Verde

Yvelise Arco-Verde é professora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde 1979. Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Educação na área de Currículo pela Universidade Federal do Paraná e doutora em Educação na área de História Política e Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atuou como coordenadora do Projeto Internacional da ONU na organização de políticas educacionais dos países africanos de língua portuguesa. Já assumiu a pró-reitoria de Extensão da UFPR e desde 2008 é secretária de estado da Educação do Paraná.

Yvelise Arco-Verde, presidente do Conselho Nacional dos Secretários em EducaçãoAfinar as matrizes de referência do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com os conteúdos do ensino médio oferecido pelas redes públicas estaduais é uma das principais preocupações da nova presidente do Conselho Nacional dos Secretários em Educação (Consed), a secretária de Educação do estado do Paraná, Yvelise Arco-Verde.Ontem, na primeira reunião que presidiu no Consed, em Brasília, Yvelise conseguiu o comprometimento por parte do secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC), José Henrique Paim, em rediscutir as matrizes de referência do Enem. "Passado esse período de crise, provavelmente em fevereiro, voltaremos a rediscutir o tema", diz. Re­­marcado para 5 e 6 de dezembro, o Enem passa a ser a principal forma de acesso em 14 das 55 universidades federais do país.

A reivindicação dos estados junto ao MEC ocorreu na mesma reunião em que Yvelise foi eleita presidente, realizada ontem e anteontem. O encontro havia sido suspenso no início de outubro, em Florianópolis, quando o Enem foi cancelado devido ao vazamento da prova, em São Paulo. Yvelise substitui a ex-secretária de Educação do Tocan­tins, Maria Auxilia­dora Rezende. Tem o mandato de pouco mais de um ano, até que sejam convocadas novas eleições.

O Consed reúne secretários de Educação dos principais estados do país e é responsável por discutir e articular políticas públicas com o governo federal, municípios e entidades da sociedade civil. Existe desde 1986 e ainda não tinha sido presidido por um representante do Paraná.

Segundo Yvelise, um dos desafios dos estados é oferecer um ensino médio com qualidade. Por isso é importante afinar como os estados estão repassando os conteúdos do ensino médio com o que será cobrado no Enem. "Este ano não foi feita essa discussão dada à rapidez com que foi feito o Enem", ressalta. Abaixo veja trechos da entrevista que Yvelise concedeu à Gazeta do Povo.

Uma das ações do Consed será a tentativa de unificar o currículo do ensino médio?

Esta tem sido a tônica da nossa discussão. A ideia não é um currículo único no Brasil por enquanto. Porque existe um caminhar distinto de cada estado em relação às soluções curriculares de ensino médio. No caso do Paraná está em construção há oito anos. O próprio Ministério da Educação aponta para o respeito à caminhada e autonomia de cada estado. No entanto existe uma base comum nacional e que precisa estar cada vez mais articulada. A nossa preocupação é afinar tudo o que se desenvolve em cada estado com os descritores do Enem. Esses descritores não são currículos, são apontamentos para onde os sistemas de ensino devem passar no trabalho e aprendizagem com os alunos. O currículo é muito maior que isso.

Se não houver essa articulação, o Enem conseguirá cumprir seu objetivo, de se tornar a principal ferramenta de acesso às universidades?

O grande desafio do Ministério e do Inep [órgão reponsável pela elaboração do Enem] é buscar a unidade na diversidade dos estados. É difícil. Sem essa unidade será im­­possível manter o Enem. Ninguém pode ser avaliado em algo em que não está se desenvolvendo. O Enem hoje reflete muito do que se faz. Mas precisa ser cada vez mais afinado e usado como referência de organização curricular.

Melhorar a qualidade do ensino médio é o principal desafio dos estados com a educação?

Não sei se é o principal, mas um dos grandes desafios. A nossa visão agora não é só o término do ensino fundamental, mas ampliar para o ensino médio. O discurso da obrigatoriedade da educação básica como um todo passa a trazer para os estados desafios de construir mais escolas, de ter mais laboratórios, de fazer mais ações curriculares adequadas a uma população cada vez mais diversa, que antes não chegava até a escola.

Tem algo que você pretende deixar como marca nesta gestão, apesar do tempo curto?

A maior meta é a discussão do regime de colaboração entre os diferentes níveis de ensino e a possibilidade de fazer articulações das políticas públicas. O Consed é um órgão de discussão de políticas públicas e de gestão. Não é um órgão executivo. Para isso tem algumas estratégias fundamentais. Estamos fazendo uma integração de informações sobre os estados, por meio de banco de dados, para que as informações fiquem centralizadas. Com isso concentraremos dados de todo o país sobre experiências curriculares, recursos humanos, o piso salarial, concursos públicos, entre outros.

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