Ponta Grossa Cerca de 75 mil estudantes podem ficar sem aulas nas cinco universidades estaduais do Paraná. Os professores se reúnem hoje, em assembléia, para decidir se entram em greve por tempo indeterminado. No sábado, representantes das instituições aprovaram o indicativo de paralisação, que pode ser confirmado hoje. A principal reivindicação é a reposição salarial de 28% a 54%, dependendo da qualificação do professor. O governo propõe um reajuste de 6,57%.
Cada universidade vai realizar a sua assembléia separadamente. "Mas é certo que a proposta de greve será aprovada porque os professores estão descontentes e querem pressionar o governo, apenas definiremos como será encaminhada essa paralisação", diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Luiz Fernando Reis.
Em algumas universidades, entretanto, a greve por tempo indeterminado ainda não é dada como certa. "Uma greve sempre desencadeia um caos acadêmico, mas os professores concordam que é preciso fazer alguma coisa", declara a presidente do Sindicato dos Professores da Universidade Estadual de Londrina, Inês Almeida. Segundo a sindicalista, paralisações por tempo determinado, como uma semana por mês, não estão descartadas.
Já os universitários que podem ficar sem aulas pensam nas desvantagens da greve. A acadêmica do último ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Patrícia Scarpin, está preocupada com a entrega da monografia. Os estudantes também estão apreensivos com a possibilidade de despesas extras. A estudante de Administração, Juliana Macedo Mafra, mora em Ponta Grossa apenas para estudar. "Os gastos podem ficar maiores caso as reposições das aulas sejam durante as férias."
As universidades estaduais do Paraná estão presentes em 37 municípios diretamente ou atuando com projetos. Ao todo, são 6,7 mil professores e 9 mil funcionários. A última greve de grande adesão aconteceu em setembro de 2001, durando 170 dias.
Representantes da Secretaria de Tecnologia, Ciências e Ensino Superior (Seti) e do comitê de greve se reuniram na tarde de ontem, mas, por ora, não houve acordo. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Seti não informou qual deve ser a estratégia do governo para evitar a greve e assegurou que irá se posicionar hoje.