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Uma a cada três crianças tem sobrepeso

No Brasil, 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso adequado, o que representa que a cada três, uma é gorda. É o que mostram os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 20 anos, o patamar de excesso de peso entre os meninos dessa idade mais do que dobrou: passou de 15% para 34,8%. Entre as meninas, a taxa quase triplicou no período e passou de 11,9% para 32%.

Segundo o IBGE, o excesso de peso tende a ser maior em áreas urbanas do que nas áreas rurais. E é justamente na Região Sudeste (onde estão as maiores concentrações urbanas) que há mais crianças obesas: são 39,7% dos meninos e 37,9% das meninas.

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Confira: entre os homens, a boa situação financeira é quase sinônimo de obesidade.
Veja: no Brasil, 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos estão fora do peso adequado
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É na Região Sul do Brasil que se encontra o maior número de pessoas que estão acima do peso adequado: 56,8% dos homens e 51,6% das mulheres que vivem no Para­­ná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão com excesso de peso. São ainda os homens que engordaram mais que as mulheres nos últimos 35 anos: em 1974, 18,5% deles eram gordos; em 2009, o número chegou a 50,1% contra 48% do sexo feminino. E o pior: quanto mais aumenta o salário deles, mais eles brigam com a balança, ao contrário das mulheres, que tendem a se cuidar e emagrecer. Os dados foram lançados ontem e fazem parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE.O estresse é um dos principais vilões que têm levado os homens (principalmente os mais ricos) a estarem gordos. "Eles acabam sendo mais sedentários que as mulheres. Elas sofrem mais com a pressão social em busca da beleza", explica a endocrinologista Rosana Rado­­minski, presidente da Associação Brasileira para o estudo da Obe­­sidade e da Síndrome Meta­­bólica. "Maior renda também significa mais trabalho, e, consequentemente, um número maior de preocupações e estresse, o inimigo mortal de quem quer manter o peso", afirma a endocrinologista Mirnaluci Ribeiro Gama, chefe do setor de Endocrinologia e Diabates do Hospital Evangélico. Ao se sentir estressado, o corpo estimula a produção de cortisol, um hormônio que deposita a gordura proveniente da comida na região do abdome. Outro hormônio, chamado de cotecolaminas, também liberado nesses momentos, pega essa mesma gordura e a leva para a corrente sanguínea.Frio

No Sul há uma população mais gorda em decorrência também do clima frio. Com as temperaturas mais baixas, as pessoas comem mais, principalmente alimentos ricos em açúcar e gordura. "O frio é um fator muito importante. Também é preciso lembrar que as pessoas se exercitam menos, vão menos a parques e academias e tendem a consumir alimentos mais práticos, geralmente industrializados", analisa a nutricionista Cinthia Cordeiro, do Ambula­­tório de Cirurgia Bariátrica do Hospital Evangélico.

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Todos precisam emagrecer

A pesquisa mostra, porém, que apesar de o Sul estar com a população mais gorda, esse não é um problema exclusivo da região. De um modo geral, o aumento de peso pode ser percebido em todas as faixas etárias do Brasil, independentemente do sexo, estado onde se vive ou renda. Na prática, metade da população brasileira está acima do peso e, se o país continuar nesse ritmo, chegará, em dez anos, ao nível de obesidade dos Estados Unidos, o que é péssimo para a qualidade de vida e, ainda, representa um possível colapso, no futuro, nos sistemas de saúde. Isso porque os jovens também estão engordando: há uma criança a cada três acima do peso, o que quer dizer que a população tende a ter mais problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, entre outras doenças.

O ministro da saúde, José Go­­mes Temporão, disse que os dados são preocupantes e "acendem um alerta vermelho". "Ex­­cesso de peso, obesidade e falta de atividade física afetam profundamente a qualidade de vida", diz. O ministro chegou a citar políticas para mudar a oferta de alimentos nas escolas e o controle da propaganda de alimentos infantis. Ressaltou ainda a necessidade de se "trabalhar de maneira mais radical".

O estilo de vida continua mu­­dando para pior: hábitos alimentares inadequados – o consumo de feijão está caindo enquanto o de comidas industrializadas está aumentando – e a violência têm levado as pessoas a ficar mais dentro de casa e longe dos parques e pistas de caminhada e corrida. "Quando as oportunidades de almoçar e jantar fora aumentam, a tendência é também comer alimentos mais rápidos que muitas vezes oferecem cardápios ricos em carboidratos", lembra Mirnaluci.

Ingerir pelo menos três porções de fruta por dia (é quase o equivalente a três unidades) é o indicado para uma alimentação balanceada, mas na prática um adulto ou jovem costuma ingerir isso na semana inteira, conforme explica a nutricionista Sandra Chemin, do Conselho Regional de Nutricio­­nistas da 3.ª Região. "Precisamos voltar à nossa cultura alimentar antiga, de comer arroz, feijão, saladas e frutas. Hoje o consumo de produtos de panificação (biscoitos e industrializados em geral) aumentou tanto nos mercados como nas redes de fast food", diz.

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