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O salto triplo dado pela rede de ensino superior no país tende a ser visto com rabo-de-olho, já que abrir uma faculdade deveria ser mais complicado do que formar fila de criança no jardim de infância. O advogado Valdyr Perrini, vice-presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinep), alista-se na ala dos desconfiados.

Na mesa de trabalho do advogado costumam chegar relatos nada animadores de profissionais de educação que se empregam no circuito das novas faculdades e encontram o pior dos mundos. A situação mais comum é a da escola que se vê como empresa, trata o aluno como cliente e o professor como empregado que está ali para não desagradar o consumidor. O estrago dessa relação esquizofrênica não tarda a aparecer.

Para Perrini, chegou-se a esse estágio porque o projeto federal que decidiu ampliar o número de brasileiros com curso superior privilegiou a estatística e não a qualidade. O crescimento do setor, observa, representa uma proletarização do mercado de trabalho, que vem recebendo profissionais deficitários e paga salários ruins. "O nível do ensino caiu. Profissional despreparado é um perigo para a sociedade."

O segundo erro, na opinião do líder do Sinep, é propagar que sempre haverá uma seleção natural, distinguindo as boas e as más faculdades. "Certas coisas não se aplicam à educação. Isso equivale a perguntar para um morto se ele se deu conta de que escolheu o médico errado. O jovem que chega à faculdade, a rigor, não tem condições de avaliar o que está recebendo. Isso só funciona para um bombom Sonho de Valsa", protesta.

O extinto Provão, diz o advogado, apesar de suas falhas, era uma medida de segurança contra os franco-atiradores do ensino, a exemplo do que acontece com o Exame da Ordem da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Quebraram o último termômetro. Hoje está tudo maquiado. Existem lugares em que os avaliadores do MEC foram embora num dia e no outro se desmanchou todo o circo armado para conseguir conceito A. O serviço é malfeito", protesta. Uma das alternativas – sugere Perrini – seria o MEC dar um selo de qualidade para as instituições e fazer avaliações mais amiúde, confirmando se as escolas estão atendendo às exigências do ministério. (JCF)

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