Ontem, a homenagem feita pelo escultor João Turin ao jurista Rui Barbosa voltou revigorada à Praça Santos Andrade. As asas da águia estavam repletas de marcas de pedradas. Há um ano, temendo que a estátua fosse ainda mais danificada, os responsáveis pelo acervo do artista paranaense decidiram restaurá-la. Nos 78 anos em que esteve exposta em frente do prédio da Universidade Federal do Paraná, a obra nunca havia passado por reparos.
De acordo com Maurício Appel, gestor do acervo, a estátua tinha vários pontos de infiltração. Além das agressões provocadas por vândalos, a obra sofreu com a dilatação do metal por causa das variações de temperaturas na cidade. Uma das dificuldades foi encontrar a cor idêntica ao do latão usado na época em que a peça foi forjada.
"Não é qualquer profissional que pode fazer esse tipo de trabalho de restauração", comenta Appel. No Brasil existem apenas cinco fundições artísticas, sendo que só a de Curitiba é elétrica. Ele conta que foi feito um molde da peça para ficar em arquivo. Depois de restaurada, a obra está menos sujeita a roubo. Antes, estava apenas chumbada com cimento e agora uma trama feita no suporte garante mais segurança.
A Águia de Haia é a última das três estátuas em exposição pública que foram restauradas por meio de um acordo entre os responsáveis pelo acervo de Turin e a prefeitura de Curitiba. Também foram reparadas a representação de Tiradentes, que fica na praça de mesmo nome, e a onça que ganhou o nome Luar do Sertão, cravada na rotatória do Centro Cívico. Ambas as peças, também em latão, tinham fissuras que comprometiam a integridade das obras.
Quem quiser ver mais obras de João Turin pode visitar a exposição no Museu Oscar Niemeyer (MON). A mostra foi aberta ao público em junho e vai até novembro com a possibilidade de ser estendida até o início do ano que vem. Depois a coleção segue para a Pinacoteca de São Paulo e para o Museu Nacional de Belas Artes e daí para outros estados e para fora do Brasil.