• Carregando...
A águia criada por Turin estava exposta há 78 anos, mas nunca havia sido restaurada | Cezar Machado/ Gazeta do Povo
A águia criada por Turin estava exposta há 78 anos, mas nunca havia sido restaurada| Foto: Cezar Machado/ Gazeta do Povo

Herdeiro do artista morreu nesta semana

Dois dias depois de ver, maravilhado, a abertura da exposição com as obras do tio no principal museu do Paraná, Jiomar Turin sentiu-se mal e foi hospitalizado. Ele ficou várias semanas internado e não mais se recuperou. Morreu no domingo, aos 87 anos. João Turin não teve filhos e deixou, em 1949, 343 obras e 3,7 mil documentos para o sobrinho, que conservou, do jeito que pôde, por 64 anos, o legado de um dos mais relevantes artistas do estado. O acervo foi mantido em um barracão no Juvevê até ser comprado, em 2012, pelo colecionador Samuel Lago -- que iniciou uma série de ações para revitalizar as obras e reavivar a memória da importância do escultor.

Jiomar teve uma atuação marcante como advogado. Foi conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional Paraná, em diferentes gestões. Participou do Tribunal de Ética e Disciplina e foi vice-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados. Foi sepultado no Cemitério Municipal Água Verde na segunda-feira.

Ontem, a homenagem feita pelo escultor João Turin ao jurista Rui Barbosa voltou revigorada à Praça Santos Andrade. As asas da águia estavam repletas de marcas de pedradas. Há um ano, temendo que a estátua fosse ainda mais danificada, os responsáveis pelo acervo do artista paranaense decidiram restaurá-la. Nos 78 anos em que esteve exposta em frente do prédio da Universidade Federal do Paraná, a obra nunca havia passado por reparos.

De acordo com Maurício Appel, gestor do acervo, a estátua tinha vários pontos de infiltração. Além das agressões provocadas por vândalos, a obra sofreu com a dilatação do metal por causa das variações de temperaturas na cidade. Uma das dificuldades foi encontrar a cor idêntica ao do latão usado na época em que a peça foi forjada.

"Não é qualquer profissional que pode fazer esse tipo de trabalho de restauração", comenta Appel. No Brasil existem apenas cinco fundições artísticas, sendo que só a de Curitiba é elétrica. Ele conta que foi feito um molde da peça para ficar em arquivo. Depois de restaurada, a obra está menos sujeita a roubo. Antes, estava apenas chumbada com cimento e agora uma trama feita no suporte garante mais segurança.

A Águia de Haia é a última das três estátuas em exposição pública que foram restauradas por meio de um acordo entre os responsáveis pelo acervo de Turin e a prefeitura de Curitiba. Também foram reparadas a representação de Tiradentes, que fica na praça de mesmo nome, e a onça que ganhou o nome Luar do Sertão, cravada na rotatória do Centro Cívico. Ambas as peças, também em latão, tinham fissuras que comprometiam a integridade das obras.

Quem quiser ver mais obras de João Turin pode visitar a exposição no Museu Oscar Niemeyer (MON). A mostra foi aberta ao público em junho e vai até novembro – com a possibilidade de ser estendida até o início do ano que vem. Depois a coleção segue para a Pinacoteca de São Paulo e para o Museu Nacional de Belas Artes e daí para outros estados e para fora do Brasil.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]