“Estava no local errado, na hora errada”

Mesmo com a prisão de oito pessoas acusadas de envolvimento na execução de Sônia Modesto, 32 anos, várias perguntas ainda não foram respondidas pela investigação, entre elas o motivo do assassinato da gerente de posto, ocorrido no último dia 20, em Curitiba. Segundo a polícia, o crime foi encomendado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa de São Paulo. Uma das hipóteses de motivação seria encobrir um esquema de lavagem de dinheiro. O empresário italiano Erich Lechner, com quem a vítima mantinha um relacionamento desde 2002, é suspeito de envolvimento no crime. Ele, que trabalha no ramo de carnes e também é proprietário de postos de combustíveis em vários países – entre eles o que Sônia gerenciava –, foi preso na última sexta-feira, no Aeroporto Afonso Pena, quando tentava embarcar para Itália, apesar de alertado pela polícia de que não poderia deixar o país.

Para Tatiana Mantelmacher Gusso, 29 anos, funcionária do posto, que estava com Sônia na noite da execução – e também recebeu um tiro, mas sobreviveu –, os motivos do crime também são um mistério. Ela diz que conheceu Sônia recentemente e que não teme virar outra "queima de arquivo", porque tudo o que sabe sobre o caso foi o que presenciou na noite do crime. Confira abaixo a entrevistada concedida por Tatiana à Gazeta do Povo.

Gazeta do Povo – A polícia lhe passou alguma nova informação sobre o caso?Tatiana Mantelmacher Gusso – Não tenho mais falado com a polícia. Já fiz o que podia. Não estou na cidade, não falei com mais ninguém e não tenho nem mais lido os jornais. Só fiquei sabendo que prenderam mais gente porque me contaram.

Você está com medo?Ainda estou traumatizada com o que aconteceu. Mas medo eu não tenho porque não sei de nada. Estava no local errado, na hora errada. Até pouco tempo, pensava que se tratava de um assalto mesmo.

Mudou alguma coisa em sua vida?Mudou tudo. Nem estou morando mais na mesma cidade.

E sobre os motivos para o assassinato, você suspeita de alguma coisa?Não, ela (Sônia) era minha patroa e eu a conheci em outubro do ano passado, mas não sabia nada sobre sua vida pessoal.