Prudentópolis Conhecida como terra das cachoeiras gigantes e com potencial turístico que pode ser comparado a Bonito (MS), Prudentópolis sofre com a longa estiagem que toma conta do estado. Além de prejudicar a população e a lavoura de feijão, a falta da chuva compromete as belas quedas dágua existentes no município. Algumas cachoeiras, que naturalmente têm a vazão menor de água, estão praticamente secas. Em outras, como o famoso Salto São Francisco, com 196 metros de altura, a água não tem força suficiente para chegar ao chão. Cerca de cinqüenta metros antes do fim, o que se vê é uma fina cerração.
A cidade possui mais de 50 cachoeiras catalogadas, mas apenas 13 são de visitação.
A seca afugenta também os turistas, que vinham em busca de aventuras nas caudalosas águas dos rios dos Patos e São João. Com o nível muito mais baixo do que de costume, a prática de rafting e rapel é praticamente inviável. As cachoeiras também perderam um pouco do charme. No lugar da exuberância vista no ano passado, as quedas hoje se resumem a filetes de água que escorrem pelas pedras. Essa é a cena que os turistas mais avisados não querem encontrar.
Marcelo Fedus, dono de duas agências especializadas em ecoturismo, já cancelou oito excursões vindas de São Paulo, desde o início do ano. De janeiro até julho, ele já deixou de lucrar R$ 26 mil. A última turma que conduziu pela mata atrás das cachoeiras do município foi no fim do ano, quando a cidade viu a última grande chuva. Conhecedor das quedas dágua desde quando era moleque, Fedus surpreende-se quando visita algumas delas. "Os mais velhos dizem que é a pior seca dos últimos 40 anos", diz. Segundo ele, a vazão diminuiu mais de 80%, índice próximo à da queda registrada no turismo. "Turista não quer ver cachoeira seca", diz. Fedus joga toda sua esperança no mês de setembro. "A gente não tem outra coisa a fazer a não ser ter muita fé de que chuva virá neste tempo e com ela toda a exuberância das nossas cachoeiras."
Faz um mês que Prudentópolis decretou estado de emergência por conta da estiagem. O problema maior está nos distritos do município, onde não há mais água para consumo. Duas vezes por semana, Demetrio Kososki e sua esposa Augusta percorrem cerca de dez quilômetros atrás de uma bica de água improvisada. O cano de onde eles enchem galões e garrafas traz a água de uma fonte, distante cerca de dois quilômetros. O casal leva para casa aproximadamente 40 litros, suficientes para três dias. Eles lavam roupas e louças e tomam banho no rio.
Segundo a Defesa Civil no Paraná, nenhum município paranaense decretou estado de emergência. A Defesa Civil já recebeu as informações de algumas cidades, mas ainda não fez nenhuma homologação. Entre fevereiro e maio, 42 municípios tiveram decretada a situação de emergência devido à estiagem que atingiu a região sudoeste do estado.
