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O Rio Grande, um dos principais do Brasil, registrou a pior vazão de sua história no mês de julho. De acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), desde que começou a medição, há 83 anos, nunca havia sido anotado um nível tão baixo.

O rio, que no passado teve vazão de 200 metros cúbicos por segundo, está em 33 metros por segundo. Para piorar, a queda vem se acentuando e - nesse mesmo período do ano passado a vazão era de 75 metros cúbicos por segundo. O reflexo disso é observado nas hidrelétricas que operam seus reservatórios também com um nível muito baixo, caso da Usina de Marimbondo, hoje com apenas 15,8% de sua capacidade, e de Água Vermelha (18,75%).

Na Usina de Furnas, que responde por 17,42% da energia gerada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o nível do reservatório, hoje com 28,56% de sua capacidade, também é bem inferior ao previsto para esta época do ano. A medição é feita pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), que para evitar que a produção de energia seja prejudicada, costuma liberar a água do reservatório de uma usina em favor de outras.

A medida tem ajudado a manter as hidrelétricas funcionando a contento, mas às vezes esbarra em alguns entraves, já que não são apenas as usinas que necessitam da água. Em maio deste ano municípios do sul de Minas conseguiram, com uma liminar da Justiça Federal, impedir que Furnas liberasse o reservatório da Usina Mascarenhas de Moraes, hoje com 75,66% da capacidade. A alegação foi de que a população já sofre com a seca e que reduzir a represa multiplicaria os prejuízos.

A decisão foi comemorada por quem vive na parte alta do rio, em cidades como Delfinópolis (MG), mas acentuou a crise na parte baixa, em locais como o entorno do Lago de Furnas, onde os prejuízos com a estiagem são estimados em mais de R$ 1 bilhão. Na região a represa encolheu muito e praticamente desapareceu em alguns locais acabando com o turismo, a pesca, o comércio e dificultando a vida dos agricultores.

Disputa

Em uma das poucas oportunidades em que representantes das usinas do governo e dos municípios puderam ficar frente à frente, há dois meses em Brasília, não houve acordo sobre quem tem mais direito sobre a água. Prefeitos e moradores reclamaram que não pediram, décadas atrás, para terem suas cidades inundadas pela água. O ONS, por sua vez, defendeu que a prioridade do uso dos rios seria das usinas.

De acordo com Ney Fukui da Silveira, gerente de Programação Energética do órgão, 98% de toda a carga do Brasil de energia hidráulica é atendida pelo Sistema Interligado Nacional. "E a grande vantagem da interligação é justamente poder levar grandes blocos de energia de Norte a Sul do País", justificou.

Futuro

Enquanto persiste a disputa, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Rio Grande informou considerar a situação atual crítica. A situação pode piorar para os produtores rurais que em pouco tempo correm o risco de ficar sem ter como captar a água.

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