Tibagi O baixo nível do Rio Tibagi, causado pela estiagem, revelou um cemitério de carros roubados sob a água, entre os municípios de Tibagi e Ventania, nos Campos Gerais. Semana passada, a polícia de Tibagi, com o auxílio de mergulhadores do Corpo de Bombeiros, retirou do rio carcaças de três veículos. A polícia investiga a atuação de uma quadrilha especializada em desmanche de veículos na região.
Há seis meses, o Rio Tibagi vem baixando o nível de água. É a pior estiagem desde 1976 e nunca viram o rio raso. Em alguns pontos, o Tibagi chega a 4 metros abaixo do nível normal.
O trecho onde as carcaças foram encontradas, bem na divisa entre Tibagi e Ventania, é um dos poucos ao longo do rio onde ainda existe profundidade acima de 3 metros. Ainda assim, pescadores conseguiram avistar as peças e avisaram a polícia. Neste ponto, o rio baixou cerca de 1,2 metro.
Durante a retirada dos veículos, descobriu-se mais peças enterradas no fundo do rio, mas os mergulhadores não conseguiram retirá-las. Na próxima semana, outra equipe dos bombeiros irá desenterrá-las.
A polícia ainda não conseguiu especificar há quanto tempo o rio vem sendo usado para desovar veículos. Segundo José Paulo Pereira, investigador que conduz o caso, isso só será possível depois que as demais peças forem retiradas do rio.
As primeiras carcaças encontradas, identificadas como uma camionete S-10, uma camionete Montana e um Vectra, foram jogadas há menos de duas semanas. Os cortes nas latarias e as marcas deixadas na proteção da ponte sobre o rio são recentes, segundo Pereira.
As condições dos carros indicam que o trabalho foi feito por gente especializada em desmanche. Os veículos estão descaracterizados e com os chassis apagados. Os cortes nas latarias foram feitos cuidadosamente para não deixar vestígios.
A única pista ficou na S-10: nos cintos de segurança há gravado o número de série do fabricante. No vidro traseiro, há ainda marcas de um adesivo em que se lê "Fazenda Gema".