
No período de férias o sinal de alerta acende para os bancos de sangue do estado, já que a redução nos estoques chega a 40%, conforme os responsáveis pelo Hemobanco e pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar). Em compensação, a demanda aumenta por causa de acidentes de trânsito. Por enquanto, conforme as duas instituições, o material guardado nas geladeiras está atendendo aos pedidos dos hospitais. No entanto, a diretora do Hemepar, Suzana Mercer, diz que na próxima semana poderá haver problemas.Segundo Suzana, o ideal seria o recebimento de doação de 150 pessoas por dia. A partir de dezembro, porém, a oferta chega a ter redução em um terço. "Esse é um período que coincide com as férias escolares e quando as famílias viajam mais. Com o grande fluxo de veículos, a incidência de veículos aumenta e o número de acidentes também", diz Suzana.
Ela alerta que os tipos sanguíneos que mais faltam no estoque são aqueles com fatores negativos, em especial, O (que é universal) e A. Quando é necessário, conta Suzana, é preciso recorrer às 22 unidades do interior que têm bancos de sangue. Atualmente, o Hemepar atende cerca de 300 hospitais do estado. Em Curitiba e região metropolitana, são 38. "É importante que a reposição seja diária e pontual."
No Hemobanco a situação é parecida. Para a enfermeira Márcia Bienarski, responsável pelo atendimento ao doador, a redução é mesmo comum nos próximos meses. Segundo ela, a normalidade nas doações retorna apenas em fevereiro, quando a entidade volta a atender a média diária de 200 a 250 doadores. A saída tem sido sensibilizar a família de quem recebeu a doação para ajudar na reposição do estoque. O Hemobanco é responsável por atender a rede de hospitais públicos, particulares e entidades filantrópicas de Curitiba. Por mês, são oferecidos cerca de 4 mil bolsas.
Solidariedade
Pensando nas dificuldades, o Hemobanco implantou o projeto de fidelização chamado Árvore da Vida. Começou, em 2003, com 30 doadores. Hoje, já são 180. O objetivo é fazer com que os doadores compareçam à unidade a cada dois ou três meses. "É importante que as pessoas, nessa época, pensem que há outros que precisam do sangue", afirma Márcia.
É o caso do corretor de imóveis Job Andrés Gamarra Gavancho, 55 anos, um dos nomes inscritos em uma folha de árvore, instalada no Hemobanco. O peruano, que mora no Brasil há 30 anos, diz que, segundo suas contas, já fez 72 doações. Desde que mora em Curitiba, foram mais de 40. "Minha mãe sempre incentivou a caridade. E por nunca ter ficado doente, tenho um compromisso de ajudar quem precisa". Gavancho doa quatro vezes por ano, em média.
Assim como ele, o segurança Alois de Lima, 49 anos, não se importa com época para fazer a sua doação. Procurou um banco de sangue em 2001, por causa da mãe que precisava de transfusão, e nunca mais abandonou a rotina. "Não tenho férias. Quando chega a época de doar, estou pronto. Penso que temos que fazer alguma coisa boa para o mundo e salvar uma vida".
Serviço:
Hemobanco: Rua Capitão S. Franco, 290, Batel, (41) 3019-5545. Hemepar: Trav. João Prosdócimo, 145, Alto da XV, (41) 3281-4000.



