Depois de sair do coma alcoólico, o estudante Bruno César Ferreira se recupera na casa dos pais. Ele entrou no curso de medicina veterinária de uma universidade particular de Leme (SP). No primeiro dia de aula, Bruno foi parar no hospital, com marcas que mostram a violência que sofreu no trote. As imagens correram o Brasil e deixaram muita gente chocada.
"Estou com muita dor na costela. Disseram que foi uma chicotada que tomei. Uns dizem que eu estava amarrado no poste. Estou com marca no pescoço e estou constrangido", disse o estudante.
O constrangimento é o mesmo dos pais. "É muito triste. A hora que eu o vi no hospital, na maca, jogado lá... Porque ele não foi bem tratado lá. Ele entrou como indigente. Ficou molhado. Quando eu cheguei, os pés dele estavam gelados já, com muito frio", lembra, chorando, o pai de Bruno, Paulo Sérgio Ferreira.
Bruno foi aprovado no curso de medicina veterinária da Faculdade Anhanguera. Como ele, outros calouros foram levados a vários bares e consumiram bebida alcoólica.
Depois vieram os ataques. As fotos do primeiro dia de aula foram colocadas num site de relacionamento na internet. Nelas, os calouros aparecem sujos, cobertos com o que parece lama. A polícia considera o caso como lesão corporal dolosa, quando há intenção de ferir. Um estudante já foi indiciado e deve prestar depoimento nos próximos dias. "Chamamos a vítima para fazer o reconhecimento do suspeito para ver se ele participou do crime", afirmou o delegado Fernando Teixeira Bravo.
Socorro
O estudante contou que foi levado a um bar e se recusou a beber. Ele teria sido amarrado a um poste, chutado e chicoteado. Depois que desmaiou, os veteranos tentaram reanimá-lo e, como não conseguiram, teriam deixado o rapaz na rua. Ele foi socorrido pela mãe de outra estudante.
"Você não fica mais tranqüila. Vai saber o que vai acontecer lá", conta a mãe de Bruno, Juraci Aparecida Ferreira.
"A gente trabalha tanto para entrar numa faculdade, aí chega e é recebido com pancada. Imagine como vai ser se esses veterinários que vão se formar agora? Se fizeram isso com ser humano, imagine o que vão fazer com um bicho?", indaga o estudante. A universidade diz que está investigando para saber se será possível expulsar algum dos participantes desse trote.