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A Estrada da Ribeira (BR-476) foi interditada, ontem, pela segunda vez em nove dias. Agora, a paralisação do tráfego foi causada por uma queda de barreira no quilômetro 61 da rodovia, entre Bocaiúva do Sul e Tunas do Paraná. O incidente ocorreu de madrugada e parou o trânsito até às 17 horas. Na semana passada, um deslizamento de terra no quilômetro 23 deixou a rodovia interditada por quatro dias. O tráfego só voltou ao normal no sábado passado.

O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) registrou nove pontos de deslizamento de terra na estrada, ontem, totalizando cerca de 5 mil metros cúbicos de material. Incidentes como este têm sido freqüentes no trecho paranaense da BR-476, que possui cerca de 120 quilômetros. Construída em 1928, a rodovia – que já foi a principal ligação entre o Paraná e São Paulo – manteve seu traçado original mesmo com a pavimentação, concluída há dois meses.

"Não mexemos nas encostas, apenas nas curvas", confirma o engenheiro do Dnit responsável pelo trecho, Ronaldo Jares. Segundo ele, existem hoje 23 pontos que apresentam risco de desabamento. "Estamos sinalizando todos e alertando a população a não parar em locais de risco e a redobrar a atenção em dias de chuva", diz Jares.

De acordo com o Dnit, a chuva dos últimos dias motivou a queda da barreira que fechou ontem a Ribeira. No entanto, o geólogo Cícero Lachowski discorda da versão. Segundo ele, os problemas da rodovia começaram na sua construção. "A água foi o agente de detonação do deslizamento, mas as causas foram os erros de trajeto da estrada e de inclinação dos taludes, que não respeitam as condições geotécnicas necessárias", afirma o geólogo. Para ele, a pavimentação da via não poderia acontecer sem antes realizarem-se estudos sobre a estrutura geológica do lugar. "Hoje colhemos os furtos de algo mal planejado", reforça.

Jares confirma a possibilidade de novos incidentes, mas garante que o Dnit estuda incluir a liberação de recursos para a construção de obras de contenção no próprio projeto de pavimentação, que vence em novembro e custou R$ 40 milhões. Se isso não for possível, será aberto um novo processo de licitação para executar os trabalhos. "Em alguns trechos, o chamado muro de gabião é suficiente para conter as encostas. Em outros, como aquele que cedeu na semana passada, a solução seria uma tela grampeada e um muro de concreto projetado", revela o engenheiro.

Enquanto as obras de contenção não se iniciam, Lachowski faz um alerta. "É necessário que a Estrada da Ribeira passe urgentemente por um levantamento geotécnico completo. Caso contrário, podemos perder vidas e muitos recursos públicos", finaliza.

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