A chuva e o vento forte que atingiram Curitiba e região na tarde deste domingo (19) deixaram 44 mil consumidores sem energia elétrica, em 31 bairros de cidades que integram a Região Metropolitana. Até as 18h40, foram registrados aproximadamente 730 incidentes envolvendo a rede elétrica, como curtos-circuitos decorrentes do contato de galhos nos cabos da rede, descargas atmosféricas e rompimento de cabos.
Além da capital, cidades como Almirante Tamandaré, Bocaiuva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Magro, Rio Branco do Sul e São José dos Pinhas concentram a maior parte das ocorrências. Mais de cem equipes de eletricistas foram mobilizadas na recuperação das redes de distribuição.
A Copel informou que mil consumidores de Colombo, Almirante Tamandaré, Campina Grande do Sul e Bocaiúva do Sul, que estavam sem energia elétrica desde o vendaval da última sexta-feira (17) terão o fornecimento normalizado ainda neste domingo.
A chuva que atinge Curitiba desde o início da tarde deste domingo (19) causa outros transtornos. O Corpo de Bombeiros informou que, até as 18h30 deste domingo, foram registrados 11 atendimentos de destelhamentos em Curitiba e Região Metropolitana. Nove destas ocorrências em Campo Largo - no centro da cidade e em bairros como Rondinha e Bom Jesus.
Também foram registradas 17 quedas de árvore em Curitiba, Piraquara, Campo Largo e Quatro Barras.
No fim da tarde, cinco viaturas da Polícia Militar e quatro ambulâncias, além de um Abpr foram acionados para atender a uma colisão entre dois automóveis no viaduto do Tarumã, na linha verde, sentido Pinheirinho. Ainda não havia informações sobre feridos até as 18h30.
A Prefeitura de Curitiba informou que há ruas interditadas por árvores e postes caídos. A recomendação do órgão é para que os curitibanos procurem ficar em locais seguros e que seja evitado sair de casa.
Na Avenida Cândido Hartmann, o trecho entre entre as ruas João Batista Dallarmi e Rachid Pacífico Fatuch está totalmente interditado.
A Prefeitura relata que há congestionamento na Rua Padre Agostinho, no perímetro entr as ruas Mario Tourinho e Major Heitor Guimarães. Também há problemas perto do ParkShopping Barigui, onde ocorreu uma queda de árvore obstruindo as 4 pistas.
Na Linha Verde, perto da a Rua João Bley Filho, um poste caiu junto com placas de sinalização.
Ventos chegaram a 70 km/h
Após atingir o Sul do Paraná no final da manhã deste domingo (19), voltou a chover forte na Região Metropolitana de Curitiba. O Instituto Tecnológico Simepar alerta para fortes rajadas de vento, que podem variar de 60 a 70 km/h.
De acordo com o meteorologista do Simepar Tarcízio Valentin da Costa, toda a cidade de Curitiba e os demais municípios da região metropolitana poderão ter temporais com essa área de instabilidade que se formou e avançou sobre o Leste do estado. "São chuvas fortes, típicas de verão. São Parecidas com a de sexta-feira. A diferença é que desta vez vem com ventos", explica.
A nebulosidade, no início da tarde, já havia se formado em outros municípios, como Palmas, que registrou temporal, acompanhado de granizo e de ventos de 66 km/h. Em Londrina, no Norte do Paraná, as rajadas chegaram a 65 km/h. Assim como em Palmas, segundo o meteorologista, pode haver queda de granizo na Grande Curitiba mais uma vez, o que coloca o município de Campo Largo em alerta.
Campo Largo
No início da tarde deste domingo (10), voltou a chover em Campo Largo, por volta das 14h30. O vento arrancou lonas que já estavam colocadas em algumas casas e estabelecimentos comerciais. A prefeitura estima que 3.600 casas tenham sido afetadas pela chuva na cidade. Neste domingo, no Centro da Juventude, que está recolhendo doações, 14 funcionários e assistentes sociais ajudavam as famílias buscavam donativos. Só hoje, aproximadamente 130 voluntários atenderam pessoas atingidas pela chuva. Algumas empresas também prestaram apoio com doações. Atualmente, a maior necessidade é de colchões e alimentos.
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, 120 carros que estavam no pátio do órgão foram danificados, e a estimativa é de 11 milhões em gastos bens danificados nos prédios públicos do município, como a frota, telhados e computadores. A prefeitura da cidade volta a atender normalmente apenas na quarta-feira. As unidades de saúde vão funcionar normalmente nesta segunda, exceto a do centro da cidade, que também foi danificada pela chuva.
Moradores aproveitaram o domingo para tentar recompor as casas e estabelecimentos comerciais. O casal Aloísio e Vanda Ukacheski, proprietários de uma loja de materiais de construção há 21 anos no centro de Campo Largo, estavam desde as 8 horas trabalhando com a limpeza e recuperação do local. "Nunca aconteceu uma situação como essa", diz o proprietário. Com o vento de hoje, as lonas que haviam sido colocadas para proteger a loja foram arrancadas. "O depósito nos fundos vai ter que ser reconstruído, perdemos todo o cimento e cal", conta a filha do casal, Carina Ukachenski.
O pedreiro Salvador da Silva acompanhou a mulher, Odete da Silva, ao Centro da Juventude neste domingo para buscar colchões, roupas e uma cesta básica. Móveis e eletrodomésticos foram perdidos. "Ontem, precisamos ficar dentro de casa com o guarda-chuva armado", conta Salvador, que chegou a machucar os braços tentando arrumar os estragos no telhado de casa. Ontem, o casal passou o dia em água e luz. A Sanepar informou que o abastecimento de água deve se normalizar na cidade amanhã à tarde.
Segundo a Copel, ainda não há previsão para a normalização do abastecimento da energia elétrica em Campo Largo. A água, que teve que ter o abastecimento interrompido pela Sanepar por problemas de energia e porque a estação de tratamento foi danificada, informou neste domingo que o abastecimento deve ser retomado na manhã desta segunda-feira (20).
Causas
Uma frente fria que se aproxima do Paraná, associada ao forte calor, provoca os temporais que atingem o Paraná neste domingo. Segundo o Simepar, a formação da frente fria, que concentra nebulosidade nas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, aliada a ao forte aquecimento atmosférico no Paraná, facilita a formação de núcleos de chuva forte no estado.