Quando se mudou para o Brasil a trabalho há três anos, a moscovita Marina Nasedkina, 32 anos, não imaginava que a maior dificuldade que encontraria no país seria os brasileiros. Casada com um deles àquela época, não sabia, como russa que é, que teria de mudar o jeito de ser para se adaptar à vida de estrangeira.

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"Na minha terra temos um estilo muito direto. No Brasil as pessoas têm ouvido de cristal", Marina explica. "É falar a verdade na cara. Ofendi e magoei os brasileiros sem saber. As pessoas diziam que eu era mal-educada, tive de mudar", conta.

Para que outros estrangeiros entendam a malandragem e o "jeitinho brasileiro", uma consultora, formada e com mestrado em Relações Internacionais, dá aulas e treinamento para que esses "expatriados", como ela diz, aprendam a viver em São Paulo e consigam se adaptar ao Brasil e aos brasileiros. Uma pesquisa da GMAC Global Relocation Services com executivos "expatriados" em 110 países revela que o Brasil é o quarto pior país do mundo para adaptação, atrás apenas de China, Índia e Rússia.

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"O primeiro problema é o entendimento da informalidade. Isso é muito difícil para o estrangeiro captar", afirma Mariana Barros, 28 anos. Com 600 "alunos" treinados nos últimos anos – cada um a preços que variam de R$ 1 mil a R$ 10 mil –, a "professora" Mariana faz um intensivo de dois ou três dias de aulas de história, geografia e cultura brasileira. Depois, a turma vai às ruas para aprender a andar de ônibus e de metrô, por exemplo. Saem da Sé, passam pelo Mercado Municipal, sobem o Terraço Itália, vão à Avenida Paulista, à Rua Oscar Freire e acabam na Daslu e no Shopping Cidade Jardim.

Para o equatoriano Gustavo Diaz, 29 anos, que fez aulas com Mariana, o trânsito e a violência foram os dois maiores problemas. "Tenho o dobro de cuidado que nas outras cidades", afirma. Para a americana Tracy Harrison Peixoto, 39 anos, autora de um guia de São Paulo para estrangeiros, a falta de comprometimento dos brasileiros nas maneiras é uma das primeiras lições a ser aprendida.