Uma estudante de Direito da Faculdade Arthur Thomas denunciou alguns colegas de curso por prática de racismo. Celiana Lúcia da Silva chamou a polícia e apresentou cópias de mensagens enviadas pelo celular em um grupo do WhatsApp. Em uma das discussões, os alunos comentam sobre uma foto tirada da vítima. "É o pé da Celiana?, pergunta um deles. "Com meia ou sem meia?" comenta outro, numa referência a cor da pele da estudante, que é negra.
Outros alunos também participaram da conversa. "Eu achava que ela tava de meia preta", disse outro. Nesta segunda (8), a Polícia Militar (PM) foi chamada por Celiana, que pediu investigação sobre o caso. Os PMs entraram na sala de aula, anotaram os nomes dos estudantes suspeitos, mas não apreenderam os celulares porque o prazo para flagrante já havia esgotado.
As trocas de mensagem ocorreram durante a semana passada por meio do aplicativo. Segundo a vítima, os aparelhos guardam imagens e textos considerados ofensivos. "Escureceram a pele e fizeram comentários com conotação racial com relação a minha cor. Falaram da minha roupa, falaram que nem em favela se veste dessa maneira", afirmou em entrevista para a RPC TV. Uma das integrantes do grupo chegou a defender Celiana. " Talvez devêssemos pedir permissão antes de publicar algo em um grupo como esse. Acho que devêssemos, no mínimo, pensar e lembrar que não importa a cor do sapato ou da pele e sim a compaixão pelo próximo".
No entanto, alguns alunos contestaram: "Como é? Pedir permissão?"; "A gente fala só o que vê"; "É só uma brincadeira, querida."
Celiana soube do caso por uma colega que fazia parte do grupo no WhatsApp. A estudante afirma estar psicologicamente abalada. "Eu não quero que isso fique impune. Nós estamos no quaro ano de Direito. Eles conhecem a lei. É muito humilhante", afirma Celiana, que também é professora da rede estadual de ensino.
Crime pode render três anos de prisão
A PM fez boletim de ocorrência por injúria racial e vai encaminhar o documento para a Polícia Civil, que deve chamar todos os alunos para depor. O crime de injúria racial é caracterizado por ofensas que usam elementos referentes à raça, cor , etnia, religião ou origem. A pena por este crime varia entre um e três anos de prisão.
A Faculdade Arthur Thomas informou que vai tomar todas a providencias necessárias para apurar o que aconteceu.