Estudantes da Escola Municipal Piratini, no Pinheirinho, em Curitiba, fizeram ontem a primeira colheita na horta que foi plantada por eles. Os alunos levaram para casa os produtos colhidos. Resultado do projeto "Piá na Roça", a plantação foi feita num terreno ocioso do colégio, com cerca 2 mil metros quadrados. Além da horta, onde foram plantadas hortaliças, a área abriga dois pomares, com frutas nativas, silvestres e até em extinção.
No espaço, cerca de 660 alunos, do jardim a 4.ª série do ensino fundamental, não aprendem apenas a cultivar plantas. Eles também têm lições sobre meio ambiente, biodiversidade e sustentabilidade. Mas o aprendizado não para por aí. Os nomes das frutas, por exemplo, identificadas com letras maiúsculas em placas de madeira, auxiliam na alfabetização dos estudantes. Professores de matemática trabalham com cálculos de medidas e contagem das frutas.
Não bastasse o aprendizado dentro da escola, o conhecimento, ainda, é dividido com a comunidade. Assim que terminem as férias escolares, pais de alunos da escola que se cadastraram passarão a receber visitas de professores para ajudar a transformar seus quintais em áreas produtivas. Além disso, professores e alunos repassarão aos pais aspectos de higiene com os alimentos e manutenção das hortas e pomares. A iniciativa é chamada de "Professor Itinerante" uma espécie de braço do projeto "Piá na Roça". Para completar o quadro de aprendizado, universitários são convidados para dar palestra na escola, em outro braço do projeto chamado "Universidade na Escola".
"Nossa idéia é transformar o aluno em agente produtor do próprio alimento ou até de dar uma fonte de renda para a família deste aluno. Isto sem contar no aspecto positivo da aprendizagem escolar", explica o idealizador dos programas, o pedagogo Dimas de Mello Braga.
Plantio
Quinzenalmente, cada turma da escola fica o período de uma aula cuidando dos canteiros. Além disso, cerca de 50 alunos são voluntários do programa e no contraturno das aulas ajudam na manutenção do projeto. Em grupos, eles plantam alface, couve, rabanete, repolho, couve-flor, chicória, almeirão, cenoura, acelga, salsa, cebolinha, abobrinha, chuchu, laranja, acerola, maçã, jabuticaba, limão, figo, goiaba, maracujá, butiá, amora, sem contar nas espécies em extinção araticum, uvaia e guabiroba entre outros. Além disso, cuidam de um berçário de sementes da mata atlântica.
"São 35 tipos de frutas diferentes. Como começamos em março, pudemos colher, agora, as hortaliças. As frutas acredito que leve uns quatro anos. Essas crianças estão plantando para gerações futuras", explica Braga. De acordo com o professor, no dia 21 de março, o trabalho de retirada de lixo e preparação do terreno começou. "Com a ajuda da comunidade, retiramos cerca de 2 toneladas de entulho, remexemos a terra e fizemos os canteiros. Estou muito feliz, acredito que fizemos o trabalho num tempo recorde", diz.
Para a diretora da escola, Maria Vidal de Souza, todo mundo saiu ganhando. "A disciplina de nossos alunos melhorou, além disso eles passaram a respeitar mais o espaço um do outro", afirma. A escola conta hoje com 25 professores que estão envolvidos no projeto, destes, quatro trabalham diretamente no "Piá na Roça".
O projeto "Piá na Roça" foi criado há cerca de 20 anos. Em todas as escolas que lecionou, o professor Braga implantou o programa. Desde 2002, ele tentava que o projeto fosse aprovado pela prefeitura. No segundo semestre, o "Piá na Roça" deve receber uma bolsa para ajuda de custo no valor de R$ 1.250. A Secretaria Municipal de Abastecimento apóia o programa dispondo mudas, sementes e suporte técnico.