Um ano de crise
A crise que se abate sobre o Hospital Evangélico tem gerado prejuízos para colaboradores e pacientes. Há cinco dias, na última sexta-feira (28), 250 funcionários do setor administrativo foram demitidos. A medida, segundo comunicado da assessoria de imprensa do hospital, foi adotada para sanar os problemas financeiros enfrentados pela unidade. O corte no quadro de funcionários vai representar uma redução de custos de R$ 1,1 milhão mensais.
Na véspera, entre a manhã de terça-feira (25) e o final da tarde de quinta-feira (27), a diretoria do hospital paralisou o atendimento a novos pacientes no pronto-socorro devido à falta de suprimentos. Segundo funcionários ouvidos pela Gazeta do Povo, insumos básicos para os atendimentos estavam em falta. Muitos pacientes tiveram de remarcar consultas e exames, enquanto pacientes de urgência foram orientados a procurar outros hospitais.
Em outubro (09), parte dos médicos residentes do hospital também cruzou os braços em decorrência dos atrasos no pagamento da bolsa-auxílio que recebem. A paralisação levou ao adiamento de pelo menos 300 consultas. Na época, o hospital confirmou os atrasos e justificou alegando que o pagamento do SUS, que corresponde a 94% dos atendimentos mensais, apresenta uma defasagem para cada R$ 100 gastos, o SUS repassa R$ 67.
As paralisações no atendimento marcaram o ano do hospital. Em agosto, por duas vezes as atividades do pronto-socorro foram suspensas (nos dias 19 e 26). Da primeira vez, a alegação foi falta de medicamentos; da segunda, um atraso na entrega de oxigênio.
Campanha
Diante de um cenário de crises pontuais recorrentes, em setembro a Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba (SEB), mantenedora do Hospital Evangélico, lançou a campanha "Ajude o Evangélico" para arrecadação de doações. Na época, o presidente da SEB, João Jaime Nunes Ferreira, disse que o centro hospitalar passava por uma crise financeira intensa causada pelos repasses insuficientes do SUS. Segundo Ferreira, o déficit mensal do hospital chegava a R$ 1,5 milhão.
Cerca de 100 estudantes da Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar) protestam contra problemas na administração da instituição, cuja mantenedora, a Sociedade Evangélica Beneficiente de Curitiba (SEB), administra também o Hospital Universitário Evangélico (Huec). A passeata, que começou em frente à Fepar e segue em direção à SEB, na rua Augusto Stelfeld, foi organizada por estudantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia e Medicina Veterinária.
De acordo com um estudante do 7º período do curso de Medicina que preferiu não se identificar, o aumento das mensalidades para o próximo ano letivo em 25% e o atraso recorrente no pagamento dos salários de professores e colaboradores culminaram no protesto.
"Estamos insatisfeitos com a Sociedade Evangélica Beneficente. Já nos reunimos com o Ministério Público e estamos cientes do que vem acontecendo com o hospital. Tratam-se de problemas crônicos de má administração. O aumento das mensalidades é um problema pontual, pois como não há separação entre as contas do hospital e da faculdade, esse aumento de 25% vai para o buraco negro da administração da SEB", explicou o estudante.
O movimento estudantil elaborou uma carta que deve ser entregue ao presidente da SEB, o presbítero João Jaime Nunes Ferreira, ao fim da passeata, por volta das 14 horas. No documento constam as reivindicações do grupo, organizadas em três frentes principais. A primeira compete à formação universitária, que estaria prejudicada pela infraestrutura deficiente da Fepar e do hospital.
A segunda diz respeito às práticas acadêmicas os dois últimos anos de Medicina são de Internato, ou seja, de aulas práticas, que deveriam acontecer no hospital mas, devido à situação da unidade, os alunos não têm tido essas aulas. Por fim, os estudantes também apoiam os grupos sindicais de colaboradores do hospital e professores da faculdade, que estão com os salários atrasados.
Em nota divulgada no fim da tarde, a SEB informou que pretende analisar as reivindicações dos acadêmicos e reafirmou o compromisso de preservar a qualidade do ensino oferecido pela Fepar. Além disso, alegou que não há um "buraco negro" na administração da SEB, como afirmado pelos estudantes.
Estudantes protestam contra SEB
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