O câmpus da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no litoral do estado ainda é uma promessa para o comércio de Matinhos. Os 191 estudantes aprovados no primeiro concurso vestibular, realizado no ano passado, não chegaram a movimentar a região. É o que dizem os comerciantes que têm estabelecimentos nas proximidades da instituição. Eles esperam que os negócios melhorem até o início da temporada, com o ingresso dos 267 estudantes aprovados no vestibular deste ano, cujo resultado foi divulgado na semana passada.
A esperança de melhora, no entanto, esbarra nas condições financeiras dos universitários. Sorveterias e restaurantes mais sofisticados estão fora do alcance dos estudantes, que procuram lanchonetes e pequenos mercados. "Por enquanto, está muito fraco", admite Alberto Lippel, dono de um sorveteria de frente para a praia. "Até o mês passado, estava tudo parado por aqui." Para Lippel, as coisas só melhoram mesmo durante a temporada. "Trabalho quatro meses para sobreviver oito. O curitibano só tem costume de vir para cá durante a temporada."
Já nas lanchonetes e nos mercados houve uma pequena melhora. "É bem pouca coisa que os estudantes compram", diz a comerciante Nádia Souza. "Alguns fazem um lanche, outros compram bebidas para alguma festinha." Para Pedro Souza, dono de um mini-mercado que fica perto do câmpus, os negócios melhoraram. Segundo ele, o movimento cresceu cerca de 20%. "Os estudantes moram por aqui e compram muita bolacha e comida", afirma.
O diretor da UFPR Litoral, Valdo José Cavallet, espera que a partir de agora, que o número de estudantes começou a crescer, a presença da universidade passe a movimentar a região. Ele destaca que 181 aprovados, 67,8% do total, são de cidades litorâneas. "Esse resultado mostra que a universidade começa a fazer parte da região", comemora. Os estudantes do litoral foram 87,7% dos aprovados nos cursos profissionalizantes (129 candidatos) e 43,3% nos cursos de graduação (52 candidatos).
Em outras cidades litorâneas, a presença de uma instituição de ensino superior ajudou a desenvolver a região. É o caso dos câmpus da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) nos balneários de Camboriú e Piçarras, ambos em Santa Catarina. "O câmpus nos deu vida própria", conta o vice-prefeito de Piçarras, Ivo Fleith. "Os estudantes ficam na cidade quando mais precisamos. O crescimento é automático." (JML)
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