A desocupação das escolas estaduais em Curitiba começou na manhã desta segunda-feira (31). Entretanto, os estudantes agora ocupam o Núcleo Regional de Educação de Curitiba, no bairro São Francisco. É o primeiro prédio administrativo do governo a ser ocupado na capital - o núcleo de três outras cidades do interior (Laranjeiras do Sul, Pato Branco e Maringá) chegaram a ser ocupados, mas já funcionam normalmente.
Cerca de 35 estudantes chegaram por volta das 9h30 ao prédio. Três viaturas da Polícia Militar (PM) acompanham a movimentação. O Núcleo fica no mesmo edifício do ParanáPrevidência. Os alunos garantem que não iriam atrapalhar o trabalho dos servidores do ParanáPrevidência. Entretanto, a diretoria do órgão orientou os servidores a não seguirem no prédio. Também nesta segunda, professores decidiram pelo fim da greve em assembleia da App-Sindicato.
O processo de desocupação está ocorrendo voluntariamente em todas as 24 escolas em que a Justiça determinou semana passada a reintegração de posse. O Colégio Estadual Guido Arzua, no Sítio Cercado, foi o primeiro a ser desocupado na manhã desta segunda. Apesar da saída voluntária, um oficial de Justiça foi à escola entregar a notificação. Isso está acontecendo em todas as escolas da cidade.
“Saimos por causa da ordem judicial. Mas acho que o movimento tem que resistir em outros colégios. O ensino integral vai prejudicar quem trabalha. E muitos professores de Educação Física e Sociologia, por exemplo, vão perder emprego porque essas disciplinas vão deixar de ser obrigatórias”, disse Eliseu Moreira, 16, aluno do 2° ano do ensino médio do Guido Arzua. Ele participou da ocupação até sexta-feira (28), quando saiu a ordem de reintegração.
A desocupação também aconteceu no Colégio Estadual Teobaldo Leonardo Kletemberg, no Sítio Cercado. Nesse local, a Polícia Militar acompanha a movimentação com quatro viaturas e um ônibus - aproximadamente 15 oficiais. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). a Defensoria Pública e um grupo de seis conselheiros tutelares também acompanham a reintegração do colégio. O Colégio Estadual Flávio Ferreira da Luz, no mesmo bairro, também já foi liberado. A saída dos alunos foi concluída às 13h20 sob aplausos de cerca de dez pessoas que acompanharam o reintegração de posse. Um estudante chegou a chorar ao terminar de empilhar os colchões do grupo na calçada.
Além das desocupações determinadas pela Justiça, o prazo do Ministério da Educação (MEC) para que os estudantes desocupem as escolas onde serão aplicado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também se encerra nesta segunda.
No Senado, Ana Júlia afirma que movimentos contrários às ocupações usam “táticas abusivas”
Leia a matéria completa
A Justiça começou a distribuir as ordens de desocupação de 24 escolas em Curitiba às 10 horas. A expectativa do Ocupa Paraná é de que até o final do dia todas as desocupações tenham ocorrido. “Todas as 24. A ideia é de que esse movimento seja voluntário”, comenta Higor, que prefere não ter o sobrenome revelado. Segundo o movimento, essa decisão será pontuada pelos próprios alunos.
Acordo
Na sexta-feira (28), uma reunião intermediada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) terminou com a proposta de um acordo por meio do qual os alunos manteriam a ocupação do Colégio Estadual do Paraná (CEP), mas deixariam outras 24 escolas em que há mandados de reintegração. Inicialmente, os estudantes do CEP disseram que desocupariam a escola, mas voltaram atrás da decisão e afirmaram que vão se manter na unidade. Mais do que isso, os estudantes conclamaram seus colegas do estado a “ocupar suas escolas e ruas”, ampliando o movimento.
No fim de semana, o procurador-geral do Paraná, Paulo Rosso, havia adiantado que o governo aguardaria as desocupações voluntárias até esta segunda-feira. “Se isso não ocorrer, vamos partir para a reintegração de posse e tomar as medidas legais, com responsabilização judicial dos líderes do movimento e, inclusive, dos pais desses estudantes”, disse à Gazeta do Povo.
Outras desocupações
Segundo o movimento Ocupa Paraná, em torno de 12 a 14 escolas estaduais também devem ser desocupadas nesta segunda no Litoral. Os pedidos de reintegração também foram emitidos sexta-feira (28).
Balanço parcial encaminhado pela Procuradoria-Geral do Estado na última sexta mostrou que há ordens de reintegração a serem cumpridas ou já cumpridas em 30 escolas de Cascavel, 23 em Ponta Grossa e também em unidades de Paranavaí, Terra Rica, Paraíso do Norte, Alto Paraná, Sengés, Piraí do Sul, Castro, Carambeí, Cândido de Abreu, Telêmaco Borba, Palmeira, Ivaí, Guaramiranga e Imbituva e Tibagi.