O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná recebeu uma representação, nesta quarta-feira (15), que denuncia a existência de grupos de "skinheads" de orientação neonazista em Curitiba. O documento foi protocolado pelo "Movimento de combate à intolerância por uma Curitiba livre de racismo, homofobia, machismo, fascismo e todas as formas de intolerância". No dia 23 de março, um estudante do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi brutalmente espancado, na região do Alto da XV.
O rapaz foi agredido com socos, pontapés e pedradas por um grupo de aproximadamente dez homens de cabelos raspados, vestindo suspensórios e calçando botas o que indicaria serem skinheads de orientação neonazista. O estudante sofreu duas fraturas no maxilar, prestou queixa à polícia e fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML).
Segundo a assessoria de imprensa do MPF, no documento apresentado nesta quarta-feira o movimento enumera atos de violência recentes em Curitiba. De acordo com o texto, o estudante da UFPR foi agredido por ser homossexual. O grupo ainda destaca a existência de conexão entre os "skinheads" de Curitiba e organizações similares de países vizinhos, como Argentina e Chile.
O procurador-chefe do MPF no Paraná, João Gualberto Garcez Ramos, recebeu representantes do movimento. Na quinta-feira (16) o documento será encaminhado para área criminal do MPF. A denúncia será analisada e caso seja consistente será encaminhada para a Polícia Federal (PF) para investigação.
Passeata
Antes de o movimento entregar a representação no MPF, foi organizada uma passeata pelo Centro de Curitiba, contra a intolerância e a homofobia. Vários centros acadêmicos da UFPR, inclusive o de Ciências Sociais, estudantes, pessoas ligadas aos diretos humanos e ao movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais) participaram da passeata.
A manifestação saiu da reitoria às 10 horas e foi até a Praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da UFPR. Depois disso os manifestantes saíram em direção à Rua XV e terminaram o movimento, por volta das 13 horas, na sede do MPF, onde foi entregue a representação. Uma estudante, que prefere não ser identificada com medo de represálias, disse que o grupo de skinheads é bem organizado em Curitiba.
"Eles usam símbolos e vestes próprias. Quando fazem um ataque se juntam rapidamente e logo em seguida se dispersam cada um para um lado diferente", afirmou a estudante. No sábado, dia 18, o movimento vai realizar outra passeata para denunciar a intolerância e a homofobia em Curitiba. A concentração será às 10h30, na Praça Santos Andrade. O movimento vai seguir até a Boca Maldita.