Em contraponto às bandeiras defendidas pela União Nacional dos Estudantes (UNE), que é dominada por representantes de partidos de esquerda, surgiu em 2020 a organização estudantil União Juventude e Liberdade (UJL). Os fundadores são líderes do Students For Liberty Brazil, considerada a maior organização estudantil liberal do mundo, que teve início nos Estados Unidos e está presente em 110 países.
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Ao contrário dos seus colegas de esquerda, os estudantes da UJL defendem pautas como a liberdade ilimitada de expressão, o livre mercado, a liberdade de imprensa, a propriedade privada e a parceria com a iniciativa privada para gerir a educação pública. Mas engana-se quem pensa que são conservadores: a UJL compartilha com a esquerda pautas como o apoio ao movimento LGBT e à legalização das drogas.
Os objetivos da UJL incluem conseguir delegados em diversas universidades para lançar nos próximos anos uma chapa que consiga competir com grupos de esquerda que estão há dezenas de anos no comando da entidade, como a União da Juventude Socialista (UJS) ou a União da Juventude Comunista (UJC).
“Queremos dar voz aos estudantes que pensam diferente da UNE, onde forças de esquerda tentam calar opiniões divergentes”, diz Amanda Victória de Matos, conselheira da UJL.
A UJL já está presente em todas as federações brasileiras, inclusive no Distrito Federal, e conta com a participação de 3 mil membros até o momento. Pelas redes sociais, a UJL faz duras críticas a UNE e a políticos como o presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por considerar que os dois, em alguma medida, prejudicam o movimento liberal.
Manifesto UJL
No manifesto da organização estudantil, a UJL se apresenta como um conjunto de “secundaristas e universitários que militam contra o autoritarismo e almejam a justiça, a garantia dos direitos civis e humanos, a democracia, o secularismo e as igualdades de gênero, racial, social e sexual”.
“Repudiamos veementemente qualquer tipo de discriminação e violência racial, sexual e de gênero. Não compactuamos com a supremacia de determinados grupos sobre outros. Temos ojeriza ao fascismo e às ambições totalitárias, e condenamos o racismo, a homofobia, a transfobia e a desigualdade de gênero que, lamentavelmente, ainda se fazem presentes em nossa sociedade”, diz o documento.
Segundo a conselheira Amanda, a liberdade precisa ser garantida em uma democracia. “Somos contra qualquer limitação desse poder no tocante a censura de natureza política, ideológica, artística, religiosa, ou de expressão do pensamento”, disse.
Democratização no debate
A busca por um debate saudável na educação também é uma das bandeiras da UJL. Amanda destaca que “a UNE quer suprimir a voz de liberais e de todos que pensam diferente”.
Durante os 84 anos de fundação da UNE, os partidos de esquerda sempre tiveram voz majoritária e grande parte dos ex-presidentes da entidade possui ligação com a esquerda brasileira. A maioria das chapas para a presidência sempre foram compostas pelos partidos do PCdoB e movimentos ligados ao PT, PDT e PSB.
No manifesto, a organização liberal critica a “ideologia específica no debate público e acadêmico”.
“Consequentemente, quem discorda do establishment costuma ser ignorado. Numa sociedade livre a verdade surge do diálogo razoável entre diferentes versões. Só apreciando uma questão sobre muitos prismas que poderemos ver qual é o mais plausível”, explica a UJL.
Transparência nas contas da UNE
Outra preocupação da UJL é em relação a falta de transparência dos gastos da UNE com os dinheiros das carteirinhas estudantis e recursos públicos.
A conselheira criticou o que ela chama “um dos grandes golpes milionários” que ocorreu no governo do PT, quando a UNE recebeu dos governos e Lula e Dilma mais de R$57 milhões para a construção da sede da UNE, na praia do Flamengo no Rio de Janeiro.
A pedra fundamental da sede com o projeto de Oscar Niemeyer foi lançada pelo presidente Lula em dezembro de 2010.
“Essa é uma das principais pautas que a gente mais bate na tecla desde a fundação da UJL: a transparência das contas da UNE. A gente sabe que a UNE recolhe dinheiro das carteirinhas de estudante e no governo Lula foi presenteada com uma sede na praia do Flamengo, mas a sede que estava sendo proposta está parada até hoje, abandonada e foi muito dinheiro que se investiu e não sabemos onde está o dinheiro da obra agora”, disse.
Segundo Amanda, a UJL sobrevive de doações de pessoas físicas e de ações sociais, ela ainda reforça que a participação do estudante é gratuita.
Melhores investimentos na educação
A UJL também pretende lutar por mais investimentos na educação, porém defende o investimento privado como garantia de mais qualidade ao ensino e a pesquisa. “O sucateamento é o que contribui para a desvalorização do ensino e da pesquisa - não podemos depender somente de recursos públicos”, disse Amanda.
De acordo com a conselheira da UJL, “há um investimento de dinheiro público em algumas coisas referentes a educação que não fazem sentido”. “A gente vê muitos alunos inteligentes e mentes brilhantes não conseguindo investimento para as bolsas de pesquisa em detrimento de outros trabalhos acadêmicos que não têm tanta relevância, por isso a gente propõe o investimento privado em universidade públicas", explica Amanda.
“É notório que é de suma importância e interesse da iniciativa privada investir em educação superior, todas as grandes universidades do mundo tem programas e investimentos, e muito do seu destaque acadêmico é oriundo desses aportes dos investidores. Lutamos para que pessoas físicas e jurídicas possam doar para instituições de ensino públicas e privadas”
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