Os estudantes que ocupam o edifício da reitoria da UFPR negaram na noite desta quarta-feira (2) o acesso de representantes da universidade à área financeira, localizada no prédio invadido desde a última segunda (31). A decisão foi tomada em plenária realizada pelos alunos. Durante a reunião, eles também decidiram permanecer no edifício.
O vice-reitor da UFPR, Rogério Mulinari, solicitou o acesso para que a universidade pudesse cumprir com vários pagamentos de fornecedores durante essa semana. Uma das representantes dos estudantes, Graziela Oliveira, alegou, no entanto, que não há urgência para estes pagamentos -- o grupo argumenta eles podem ser feitos até o quinto dia útil do mês.
A plenária foi marcada ainda por um novo corte de energia elétrica, aponta Graziela. Segundo ela, o fornecimento foi interrompido por volta das 20h30. Seria a segunda interrupção. Os ocupantes reclamam de corte entre às 23 horas de terça-feira e a manhã desta quarta. A assessoria da universidade, porém, negou que os serviços tenham sido afetados nestes dois dias.
Reunião
Os estudantes que ocupam o edifício lamentaram, na tarde desta quarta-feira, o cancelamento da reunião com representantes da universidade. Graziela Oliveira afirmou, durante um protesto no pátio central do prédio da reitoria, que já esperava o cancelamento da reunião. “Nós já esperávamos isso, mas estamos dispostos a permanecer aqui”, disse.
Os dois lados da mesa de negociação alegam que houve quebra de confiança durante o processo. Segundo Graziela, a ocupação da reitoria ocorreu em razão do sentimento de frustração dos estudantes durante as conversas com a universidade. De acordo com ela, a UFPR negou-se a assinar os compromissos por escrito firmados nas conversas que antecederam a ocupação.
“Era só eles falando e a gente tinha que acatar. Além disso, queriam compromisso só verbal. O diálogo é o melhor caminho, mas não um monólogo”, alegou Graziela.
Para o vice-reitor Rogério Mulinari, a ocupação do edifício quebrou a confiança entre as partes e impede que toda negociação continue. De acordo com ele, toda pauta estava sendo debatida, quando, após pouco mais de uma hora depois de uma reunião, os alunos ocuparam o edifício.
Segundo ele, a ocupação impede que toda a pauta avance, incluindo a dos professores e dos técnicos administrativos, também paralisados. No processo de greve, as pautas foram unificadas e a negociação ocorria de forma única. Os alunos afirmam ter apoio das outras categorias ainda.
“As pautas das greves normalmente são situações que não puderam ser resolvidas no tempo normal da universidade. Algumas não dependem da universidade, mas do Ministério da Educação. Os estudantes, inclusive, fazem parte do Conselho Superior da Universidade também, onde tudo é decidido”, afirmou.
De acordo com ele, sobre o compromisso escrito, a universidade cumpre o que é praxe. Mulinari explica que, como muitas pautas se relacionam, cada uma delas é acertada verbalmente na mesa de negociação e, quando as conversas terminam, um único documento com as reivindicações de todas as categorias é assinado.
O vice-reitor disse ainda que a pauta estava avançando quando foi paralisada pela ocupação. “A universidade aguarda que os alunos que invadiram o prédio e as pessoas que aderiram esse movimento saírem. A negociação só retornará quando for reestabelecida a normalidade institucional”, disse. Ele garantiu ainda que a UFPR mantém o respeito pelas categorias paralisadas e que todos estão do mesmo lado em defesa da educação.