Altônia A notícia sobre o abate dos pombos na região de Londrina comoveu os estudantes da Escola Municipal Rubens Tessaro, de Altônia. O mais indignado com a situação é o aluno da 4ª série do ensino fundamental, Dionys Erlich de Souza, 10 anos, que propôs até um abaixo-assinado para pedir o transporte e a soltura dos pombos na região de Altônia, perto do parque nacional de Ilha Grande. O pai do menino, Olavo Silvério de Souza, diz que a criança até chora quando falam da matança dos pássaros.
A professora do garoto, Janete Silva Hackl, disse que ficou surpresa com a iniciativa do aluno em mobilizar os colegas para tentar salvar as pombinhas da espécie Zenaida auriculata, popularmente conhecida como "pomba-amargosa". Janete estava viajando para um curso sobre meio ambiente no fim de semana e ficou sabendo da idéia do estudante na segunda-feira.
O primeiro passo, segundo ela, foi verificar a questão legal da soltura das aves no parque de Ilha Grande. Quando soube da proibição, a professora também ficou perplexa e ainda está tentando convencer Dionys e os coleguinhas a desistirem da idéia. "O difícil é pôr na cabeça de uma criança que o pássaro precisa ser abatido, justamente no momento em que a gente trabalha projetos de preservação das espécies animais", comentou.
Criticando os meninos da sua idade que usam estilingue para matar aves, Dionys Souza elegeu um pica-pau como o pássaro preferido e afirma que, se em Londrina está faltando árvores no campo para as pombinhas passarem a noite, isso não será problema no parque de Ilha Grande e proximidades.
A unidade tem 78 mil hectares e, apesar dos freqüentes incêndios, ainda mantém árvores pequenas e mata ciliar. "Não quero ver o abate, quero ver as pombas aqui", reiterou o menino. Ele disse até ter sonhado que estava transportando os pássaros numa gaiola gigante de Londrina para Altônia.
A iniciativa do menino correu a cidade rapidamente. Produtores rurais que mantêm aviários no município chegaram a entrar em contato com a Secretaria Municipal de Agricultura para evitar a "transferência", temendo a transmissão de doenças para as aves.
A professora Janete comentou que muita gente chegou a dizer que ela estaria elaborando um projeto para levar os pombos. "Eu nem estava sabendo da iniciativa e o povo já falava que eu sou a responsável", afirmou.
A bióloga do núcleo de fauna do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Curitiba, Melissa Medina, informou que a Instrução Normativa 108 de 1.º de agosto de 2006 autoriza o abate das pombas em 65 municípios a maioria na região de Londrina. Mas proíbe o transporte para outros municípios, principalmente para perto de uma unidade de conservação como é o Parque Nacional de Ilha Grande.