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Abandono

Estudo revela como a violência atinge jovens de áreas carentes

Paulo Pedron, presidente do instituto responsável pelo levantamento: “cenário é aterrorizante” | Daniel Caron / Gazeta do Povo
Paulo Pedron, presidente do instituto responsável pelo levantamento: “cenário é aterrorizante” (Foto: Daniel Caron / Gazeta do Povo)

Envolvimento com drogas, violência policial, falta de espaços de lazer, escolas precárias e violência doméstica. Esse é o cenário que emerge de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (Iddeha) com cem jovens que moram em áreas da periferia de Curitiba e de seis municípios da região metropolitana. As histórias foram agrupadas no livro Juventude, violência, cidadania e políticas públicas em Curitiba e região metropolitana, e o resultado do levantamento será apresentado hoje na Câmara Municipal de Curitiba.

"É a primeira vez que um estudo deste tipo é realizado e o cenário que emerge é aterrorizante", afirma o presidente do Iddeha, Paulo Pedron. Durante um ano, um grupo de professores e pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) entrevistou cem estudantes, entre 16 e 24 anos de idade, de 11 escolas estaduais em Curitiba, Almirante Tamandaré, Araucária, Colombo, Pinhais, Piraquara e São José dos Pinhais.

"A percepção que eles têm diariamente é de que o tráfico de drogas não é combatido pelo estado e que a polícia costuma agir de forma violenta e fora da lei. Não é por acaso que entre os cem entrevistados não haja um jovem que faça um elogio à polícia", diz.

Nos depoimentos, os estudantes contam a realidade com a qual convivem diariamente: falta de espaços de lazer, escolas em condições precárias, envolvimento em brigas, abuso de álcool em família e atos de bullying contra negros e homossexuais. Quase todos os jovens tiveram parentes próximos vítimas de homicídio, ou ao menos sabem de um conhecido que foi assassinado.

Segundo Cézar Bueno de Lima, um dos professores que acompanhou a pesquisa, essas questões jamais serão resolvidas se não forem discutidas pela sociedade. "Está na hora de a política entender o que os jovens pensam e querem, e fornecer as respostas necessárias."

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