"Minha filha está feliz. Cumpriu a sua missão aqui na Terra, deu vida a outras pessoas", afirmou Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, de 15 anos, vítima do maior seqüestro da história de São Paulo, que durou 100 horas. Ela fez seu primeiro pronunciamento público na frente do caixão, ao lado dos filhos de 14 e 22 anos, por volta das 23h30 de segunda-feira (20), depois que mais de 14 mil pessoas haviam passado pelo velório no Cemitério de Santo André, no ABC paulista. E surpreendeu. "Eu perdôo Lindemberg (o assassino da jovem), mas espero que a justiça seja feita."
Ana Cristina ainda disse que a polícia agiu certo e só não falou antes porque vivia "um momento muito doloroso". "Obrigada a todos que vieram (ao velório). Não tenho como agradecer. Vai ver que Deus quis assim porque ela ajudou a salvar vidas. Não sei se é possível, mas eu gostaria de encontrar todas (as pessoas que receberam órgãos de Eloá), se elas assim quisessem." A declaração foi acompanhada com emoção pelos cerca de 30 colegas de escola de Eloá, vestidos com uma camiseta com a foto da adolescente.
Durante todo o dia, o clima foi de revolta e tristeza no velório. Ao longo do dia, cartazes e faixas foram pendurados no cemitério, com mensagens como "Descanse em paz, Eloá" e "Vai com Deus". Por volta das 17 horas, as portas da sala de velório foram abertas à população, mas mesmo os amigos próximos da garota tiveram de passar rapidamente pelo local, pressionados por policiais da Guarda Municipal. A segurança foi feita por oito viaturas da Guarda Municipal e oito da PM. O fluxo no local era de até 30 pessoas por minuto. Até as 22 horas, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) havia realizado 13 atendimentos - um deles de um familiar de Eloá.
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