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No barracão em que está “preso”, Dirceu* cozinha em um canto do cômodo improvisado: “ a gente come o que tem”. | Hugo Harada/Gazeta do Povo
No barracão em que está “preso”, Dirceu* cozinha em um canto do cômodo improvisado: “ a gente come o que tem”.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Dois proprietários de depósitos de recicláveis que concordaram em dar entrevista sob a condição de anonimato consideram que estão “ajudando” os catadores e que a formalização dos barracões inviabilizaria o negócio. Para eles, os trabalhadores não vivem em condição de escravização, mas de pobreza, e que estariam “pior” se não fosse a coleta de materiais.

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“Eu só ganho uns centavinhos por quilo: R$ 0,07, R$ 0,10, R$ 0,15... É coisa pequena”, diz o dono de dois galpões na Vila das Torres, que mantém 12 catadores. “Se eles acharem que não ‘tá bom, podem pular pra outro [barracão]”, completou.

Investidor da miséria

Ele chegou a Curitiba há 30 anos. Por alguns meses, chegou a catar papelão, até perceber que se tivesse um depósito poderia lucrar mais. Vendeu as poucas cabeças de gado que tinha no interior do Paraná e comprou o terreno. Hoje, tem um caminhão Mercedes 608, carro, casa e conseguiu educar as três filhas, que fizeram curso superior.

Os galpões de ambos os entrevistados funciona na clandestinidade. O maior deles mantém um único funcionário assalariado, que trabalha como gerente.

O barracão tem 40 carrinhos, que empresta a catadores, que são obrigados a lhe vender o material.

Negócio dá lucro

Sobre cada carrinheiro, o empresário ganha pelo menos R$ 30, por dia. O barracão também aluga “peças”.

“Ninguém dá nada de graça pros outros. A gente ajuda quem não tem carrinho e não tem onde morar, mas a gente precisa ganhar também. É pouco, mas a gente ganha”, apontou o proprietário do negócio.

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