A Associação de Livrarias dos Estados Unidos (ABA, na sigla em inglês) pediu desculpas por ter distribuído uma obra que alerta sobre o aumento repentino de garotas adolescentes que se identificam como transexuais.
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Irreversible Damage (expressão que pode ser traduzida como "Dano Irreversível") foi incluído na edição de junho da “white box”, um conjunto de livros enviados, como divulgação, a lojas afiliadas à entidade. Mas, logo em seguida, a ABA se penitenciou. "Um livro antitrans foi incluído no nosso maling de julho para os membros. Este é um incidente sério e violento que vai contra as políticas e valores da ABA, e contra tudo aquilo em que cremos e apoiamos. É indesculpável", dizia a nota divulgada pela organização.
A associação das livrarias foi fundada em 1900 como uma "organização sem fins lucrativos que trabalha para ajudar livrarias independentes a crescer e alcançar sucesso". Mas, recentemente, como boa parte das instituições americanas, adotou uma postura incisiva contra qualquer publicação que coloque em xeque os paradigmas dos autoproclamados progressistas no campo da sexualidade.
Em parte, o recuo da ABA se deu por causa da pressão de membros da entidade e de militantes LGBT. Ao mesmo tempo, a reação causou críticas incisivas de conservadores e defensores da liberdade de expressão em geral. Depois disso, a ABA restringiu sua conta no Twitter e passou a apagar comentários desfavoráveis no Instagram e no Facebook.
O livro em questão não é uma obra de "pseudo-ciência" elaborada por um autor obscuro com base em fontes sem credibilidade. Irreversible Damage foi escrito pela jornalista Abigail Shrier, que tem um longo histórico de colaboração com o Wall Street Journal, e cita estudos científicos, além de entrevistas com pacientes e familiares, antes de concluir que há um fenômeno levando adolescentes do sexo feminino a acreditar erroneamente que elas são transgênero.
A obra nem mesmo trata dos chamados transexuais femininos (pessoas do sexo masculino que se identificam como garotas). Tampouco rejeita a ideia de que algumas pessoas podem, de fato, ter uma condição inata que as leva a acreditar que elas seriam mais realizadas se fizessem uma transição de gênero. O que Abigail Shrier afirma é que, nos últimos anos, muitas adolescentes têm sido levadas a crer que são transgênero quando na verdade não o são. As consequências, como diz o título do livro, são irreversíveis: a ingestão de bloqueadores de puberdade e hormônios masculinos, assim como as cirurgias de remoção das mamas ou dos genitais femininos, deixam marcas profundas e permanentes. Mesmo as pacientes que tentam desfazer a transição são incapazes de retornar à sua condição original.
Reações ao livro
Lançado no ano passado, Irreversible Damage gerou reações desde o início. A Amazon aceitou que o livro fosse vendido em suas plataformas, mas impediu que a editora fizesse anúncios no site para promover a obra. A Target, uma das principais varejistas dos Estados Unidos, removeu o livro de suas lojas virtuais em novembro, sob pressão de ativistas LGBTQ. Nas redes sociais, a professora Grace Lavery, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, afirmou que seus seguidores deveriam roubar os livros de Shrier e “queimá-los em uma fogueira”. Antes disso, ela havia sugerido que as pessoas depredassem os livros em bibliotecas.
Uma das principais organizações atuando contra o livro é a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis). Chase Strangio, vice-diretor da ACLU para a agenda transgênero, afirmou, em seu Twitter, que pessoas como Abigail Shrier "são fortemente alinhadas com supremacistas brancos" - embora a escritora seja judia. Ironicamente, a ACLU afirma, em sua página na internet que, desde sua fundação, em 1920, “a ACLU se opôs à censura em todas as suas formas”, “de livros e o rádio aos filmes, à televisão e a internet”. Strangio, assim como Lavery, é transexual.
O argumento utilizado em favor da censura é o de que a propagação de ideias contrárias ao paradigma do movimento transexual ameaça a saúde mental dessa população, que tem um índice de suicídios muito acima da média geral. Assim, permitir que livros como o de Abigail Shrier continuem circulando causaria mortes - literalmente.
Ao comentar os ataques um artigo para o Wall Street Journal, Abigail Shrier criticou a tentativa de censura e argumentou: “Eu acredito que adultos maduros devem ter a liberdade de fazer a transição médica. Mas adolescentes são outra questão. O contágio social existe, e as adolescentes são particularmente vulneráveis”, disse.
A Gazeta do Povo procurou a ABA e a editora Regnery, que publicou o livro de Abigail Shrier, mas não obteve retorno.
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