Symmy Larrat, secretária dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do governo Lula| Foto: Reprodução/YouTube
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O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania lançou nesta quinta-feira (26), por meio da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ inaugurada pelo governo Lula, o dossiê “Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras: 2022”. No evento, foram apresentados dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) cujo rigor estatístico tem sido alvo de contestação.

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Segundo a organização, o Brasil é o “país que mais mata pessoas trans” no mundo. O dossiê aponta que houve 131 homicídios de transexuais e travestis no Brasil em 2022, dos quais 130 foram de pessoas trans femininas e 1 de pessoa trans masculina. Em 2021, o número total havia sido de 140.

Artigo da Gazeta do Povo assinado pelo jornalista Eli Vieira em 2021 mostra como é questionável o rigor científico do dossiê publicado pela ANTRA, que tem recorrência anual. Diversos erros levantados pelo texto foram repetidos no dossiê lançado nesta quinta.

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A alegação de que o país é recordista em assassinatos de pessoas trans no mundo, por exemplo, leva em conta somente os números absolutos, sem ponderá-los com a totalidade da população e a proporção de homicídios de cada país, e ignora o fato de que muitos países sequer produzem estatísticas confiáveis sobre o tema. Outro problema apontado pelo artigo é a falta de transparência dos números divulgados pela ANTRA, que disponibiliza poucos detalhes sobre a coleta de dados e a metodologia da pesquisa.

No evento desta quinta organizado pelo governo Lula, a ANTRA voltou a repetir um dado de origem duvidosa: a de que a expectativa de vida de transexuais no Brasil é de 35 anos. A origem do dado é misteriosa, mas ele tem sido repetido desde 2013 e reproduzido internacionalmente por meios de comunicação.

A secretária de Articulação Política da ANTRA, Bruna Benevides, aproveitou seu discurso no evento para fazer críticas ao governo Bolsonaro. “A gente viu a omissão da menção de pautas LGBTQIA+ na ONU e no Mercosul”, disse. “Houve a exclusão dos comitês de diversidade nos ministérios da Educação e dos Direitos Humanos, a proibição da menção da palavra ‘gênero’ no Itamaraty, e a determinação para que fosse feito o uso do sexo biológico como critério até 2024.”

Segundo ela, a “agenda antitrans” passou a unir grupos antagônicos da sociedade, como “fundamentalistas religiosos” e feministas. “Tem um grupo de feministas que estão localizadas no campo progressista de esquerda que são transexcludentes e que estão dialogando com esses grupos. Estão firmando parcerias contra os direitos das pessoas trans.”

Symmy Larrat, secretária dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do governo Lula, afirmou que nos quatro anos da administração de Bolsonaro “houve uma imensa perseguição às identidades de gênero”, e que trazer as pautas trans no começo da atual gestão “é muito mais que simbólico”. “Mostra a ousadia que nós queremos ter ao longo desses quatro anos”, concluiu.

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