Efeito estufa
Medidas para sequestro de carbono ajudam a combater o problema
A emissão de gases do efeito estufa é considerada uma das grandes causas do aquecimento global. Para diminuir o problema, muitos projetos buscam aumentar a área de sequestro de carbono. Em Curitiba, uma pesquisa encomendada pela prefeitura revelou que, a cada ano, os 7,2 mil hectares de áreas verdes da capital podem fixar 19 mil toneladas de carbono.
"Não dá para dizer que só a vegetação dará conta de absorver ou compensar tudo aquilo que a cidade emite. É necessário pensar no futuro e reduzir, de fato, as emissões", pondera a superintendente de controle ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Josiana Koch.
Entre as ações propostas pelo município houve a alteração da lei de reservas particulares do patrimônio natural municipal (RPPNMs), que agora concede isenção total do IPTU e a transferência de potencial construtivo destas áreas para outros imóveis.
A ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), junto com parceiros, também é responsável pela administração de 18,6 mil hectares de terra que estão sendo transformados em RPPNMs em Antonina e Guaraqueçaba. (FT)
Soluções
A adoção de algumas medidas pode frear a emissão de gases do efeito estufa e diminuir o aquecimento global:
Redução de desmatamento e queimadas
A manutenção do carbono da biomassa vegetal exige a extinção ou redução do desmatamento para taxas muito baixas
Energia renovável
O uso de energia de fonte solar ou eólica reduz a emissão de gás carbônico e metano. O último gás ainda pode ser usado como fonte de energia em aterros sanitários.
Tecnologias limpas
A substituição do uso de combustíveis fósseis por biocombustíveis, uso racional da água e técnicas de aproveitamento da luz solar são medidas que podem ser adotadas pela população.
Economia verde
Desenvolvida com preocupação com os riscos ambientais e a escassez dos recursos naturais, é apontada como saída para a melhoria do bem-estar das pessoas.
Que diferença um ou dois graus a mais na temperatura pode causar? No caso do planeta Terra, a alteração traz um panorama de futuro catastrófico. O aquecimento global será o responsável por aumentar as ocorrências e a intensidade de eventos climáticos extremos, como longos períodos de seca ou chuva. As conclusões estão no último relatório lançado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no fim de março.
"Os extremos estão ficando mais comuns e isso, no longo prazo, pode afetar a população, caso não haja uma adaptação", afirma Jose Antonio Marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e autor de um dos capítulos do relatório. Em áreas da América Central, por exemplo, a tendência é de que furacões ocorram em menor número, mas com intensidade maior. Invernos muito frios e verões muito quentes, como já são observados na Europa, devem continuar ocorrendo.
No Brasil, que é um país tropical, as mudanças estão associadas a períodos ou de seca, em que a umidade relativa do ar fica muito baixa e pode trazer problemas de saúde para a população, ou de chuva, que causam enchentes e deslizamentos de terra. Para o pesquisador, os desastres naturais provocados pelos extremos não são exclusivamente resultados de alterações climáticas e são agravados por aspectos humanos.
As regiões Sul e Sudeste devem ser mais afetadas pelas chuvas. Com isso, enchentes, como as que castigaram o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, no ano passado, ou deslizamentos de terra, que ocorrem praticamente todos os anos na região serrana do Rio de Janeiro, podem ocorrer com mais frequência. "Uma das medidas centrais tanto para evitar deslizamentos quanto inundação é o zoneamento urbano, que evitaria grande parte dos danos à população", defende o geólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Cristiano Mazur Chiessi, que também atua no Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Nordeste
Por outro lado, o semiárido do Nordeste poderá sofrer com as mudanças climáticas mais do que a Floresta Amazônica, onde existe a previsão de savanização de um trecho ao leste. O aumento da possibilidade de seca e dias consecutivos sem chuva, como já ocorre no norte da Bahia, afeta a população e a agricultura. "A população tende a migrar para as cidades, que já têm problemas próprios com a superpopulação, o que agrava a situação", pondera Marengo.
Para Chiessi, há de se respeitar as especificidades de cada região, mas algumas medidas genéricas podem ser tomadas para evitar desastres. A desocupação de áreas de encosta e várzea e a realocação de eventuais moradores é um começo. No caso de inundações, há a possibilidade de construção de pequenas barragens, para que se possa controlar a velocidade da vazão de água, assim como de edificação de muros de arrimo, para segurar encostas. Além disso, regiões que sofrem com a seca podem ser beneficiadas por meio do abastecimento de água disperso, com a instalação de pequenas fontes para comunidades.
Preparação deve começar já
Os dados do IPCC são preocupantes, mas é possível mudar a situação. "Temos de ser realistas e agir urgentemente", diz o professor da USP Cristiano Mazur Chiessi.
No Brasil, a criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) é considerada uma das políticas públicas mais claras na área de prevenção a eventos extremos. Para Jose Antonio Marengo, pesquisador do Inpe, os alertas meteorológicos emitidos pelo centro podem evitar tragédias ao permitir a retirada da população de áreas de risco antes de os desastres ocorrerem. Atualmente o órgão monitora 109 municípios. Apenas quatro Almirante Tamandaré, Antonina, Rio Branco do Sul e São José dos Pinhais ficam no Paraná. Falhas nos sistemas de alerta, contudo, foram identificados em Teresópolis, no início de abril. Segundo a Defesa Civil do município, houve queda no sinal de internet 3G pelo qual o órgão aciona as sirenes.
A redução da emissão de gases de efeito estufa também seria uma medida fundamental. "O Brasil fez a proposta de reduzir cerca de 166 bilhões de toneladas de gás carbônico apenas com pesquisas de campo para ver se é possível aumentar o estoque de carbono no solo, tirando-o da atmosfera", explica Hilton Silveira Pinto, diretor associado do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp.
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