O ex-chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Allan Turnowski, foi indiciado na noite desta quinta-feira (17), após prestar depoimento de mais de três horas na Superintendência da Polícia Federal, na zona portuária da cidade. Turnowski deixou o cargo de chefe de Polícia Civil na terça-feira (15).

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Segundo a PF, houve violação de sigilo funcional por parte de Turnowski. Ele teria alertado um inspetor sobre a investigação da Polícia Federal. O policial foi preso durante a Operação Guilhotina, deflagrada na última sexta-feira (11), suspeito de integrar uma milícia em Ramos. Na operação, policiais civis e militares acusados de desvios foram presos, entre eles o delegado Carlos Oliveira, que foi subchefe de Polícia Civil na gestão de Turnowski.

Após o indiciamento, Turnowski negou que soubesse da operação, e disse que o Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, confirma isso. O ex-chefe de Polícia Civil afirmou também que não acredita que a acusação passará "pelo crivo do Ministério Público ou da Justiça."

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Mai cedo, em entrevista ao RJTV, Turnowski havia dito que o telefonema citado pela PF foi para confirmar se o inspetor ia conduzir um preso à delegacia, e já havia negado que tivesse vazado informações. "Eu não tenho como vazar uma operação que eu desconhecia", afirmou.

Turnowski também negou que recebia propinas de criminosos e afirmou que não há provas contra ele. A acusação foi feita por uma testemunha da Polícia Federal, de acordo com o jornal "O Globo" desta quinta.

Em um trecho do depoimento publicado no jornal, a testemunha acusa o ex-chefe de receber R$ 500 mil de uma milícia em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Turnowski questiona o fato de as acusações serem baseadas em uma única testemunha, sem que outras provas embasem a denúncia.

"Cadê as provas?"

"Você tem uma testemunha que é ex-traficante, ex- miliciano, que diz que o chefe de Polícia ganhava R$ 500 mil. Não diz o dia, não diz a hora, não diz quando. Você tem toda uma investigação, você tem grampo, você tem quebra de sigilo, e não se apresenta nada, mantém apenas uma testemunha falando isso. Cadê as provas? Volto a perguntar, cadê as provas? Vou lá prestar depoimento, estou à disposição sempre para prestar esclarecimento como qualquer cidadão. A única coisa que eu não entendo é que como de um testemunho de um ex-traficante que vira testemunha, um chefe de Polícia, da noite para o dia, passa de um cara respeitado para um vilão, isso que não entendo, sem prova, sem nada. Isso que está acontecendo comigo pode acontecer com qualquer pessoa da sociedade", afirmou o delegado.

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Camelódromo

A testemunha diz ainda que R$ 100 mil eram pagos a Turnowski para que não fosse combatida a venda de produtos falsos no Camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio. Em janeiro, o Camelódromo foi fechado numa operação da Polícia Civil e da Receita Federal. Mais de 1.500 boxes foram revistados e agora só estão funcionando os que vendiam mercadorias legais.

"Há sete meses eu botei uma delegada lá com o objetivo simplesmente de acabar com o Camelódromo. Ela fez uma operação, não conseguiu na via penal, conseguiu na via empresarial, e ela conseguiu um fato inédito, nunca tinha acontecido em nenhuma gestão e hoje no Camelódromo não tem pirataria. Acho que isso é a maior prova de que não posso estar com desvio de conduta perante o Camelódromo que mandei terminar", afirmou o ex-chefe.

De acordo com a Secretaria de Segurança, o secretário José Mariano Beltrame teria pedido a Turnowski providências, porque Beltrame tinha sido informado pela PF de que policiais estavam extorquindo traficantes, no Conjunto de Favelas do Alemão.

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