Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Sob suspeita

Ex-coronel é indiciado por assassinatos em série

Martins (à esquerda) chegou a ficar preso por duas semanas, mas foi beneficiado por um habeas corpus | Domingos Peixoto/ Agência O Globo
Martins (à esquerda) chegou a ficar preso por duas semanas, mas foi beneficiado por um habeas corpus (Foto: Domingos Peixoto/ Agência O Globo)

Ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, o coronel reformado Jorge Luiz Thais Martins foi indiciado por uma série de homicídios ocorridos entre agosto de 2010 e janeiro deste ano, no bairro Boqueirão, em Curitiba. Os inquéritos policiais foram concluídos no fim da semana passada pela Delegacia de Homicídios (DH), que investigou os assassinatos. Apesar de apontar Martins como autor dos crimes, a polícia não vai pedir a prisão do acusado. A informação foi confirmada à Gazeta do Povo por fontes da Polícia Civil.

São atribuídos ao coronel nove assassinatos ocorridos em cinco ataques distintos (quatro duplos homicídios e um homicídio simples). As investigações das mortes se arrastam há um ano e dois meses, mas as suspeitas sobre Martins só foram divulgadas em janeiro deste ano. O ex-comandante dos Bombeiros vai responder pelos crimes em liberdade. Ele chegou a ficar preso por duas semanas, entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, mas foi posto em liberdade graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Com a conclusão dos inquéritos, o caso será remetido ao Ministério Público, que avalia se oferece ou não denúncia à Justiça.

Entre os subsídios que embasam a conclusão da polícia está o exame de balística realizado pelo Instituto de Criminalística (IC), que comprovou que partiram da mesma arma os tiros que mataram vítimas em dois atentados, ocorridos dias 1.º e 14 de ja­­neiro deste ano. Juntos, os ataques resultaram na morte de três pessoas; outras três foram baleadas, mas sobreviveram.

A polícia cruzou a prova técnica ao testemunho de pessoas que indicaram Martins em procedimentos de reconhecimento pessoal, feitos pela DH. Moradores do bairro onde as mortes ocorreram colocaram o coronel na cena do crime dos cinco ataques. Ao longo das investigações, foram ouvidas mais de 30 pessoas, entre testemunhas e pessoas apontadas pelos advogados do ex-comandante dos Bombeiros.

Além de fornecer a arma pessoal de Martins (uma pistola .40), os advogados do coronel entregaram à polícia uma série de fotos e vídeos que comprovariam que ele não estaria em Curitiba nas datas dos crimes investigados. A defesa chegou a sugerir que os homicídios teriam sido cometidos por um policial civil.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a delegada Maritza Haisi, chefe da DH, e com o delegado Cristiano Augusto Quintas dos Santos, responsável pelas investigações, mas eles informaram que só vão se manifestar em entrevista coletiva, que deve ser realizada ainda nesta semana pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

Os crimes

Os ataques dos quais o coronel é acusado começaram no dia 8 de agosto de 2010. Segundo as investigações, os crimes atribuídos a Martins obedecem a uma mesma dinâmica: foram cometidos na madrugada, muito próximos um do outro (na chamada "Favela da Rocinha"), e as vítimas eram usuários de entorpecentes ou estavam em pontos de consumo.

O local onde os crimes ocorreram fica perto do ponto onde o filho de Martins foi morto em uma tentativa de assalto, em outubro de 2009. Os ataques começaram semanas depois que dois suspeitos pelo assassinato do filho do coronel – e que seriam usuários de drogas – foram postos em liberdade por falta de provas.

As suspeitas começaram a recair sobre Martins após um duplo homicídio registrado no dia 10 de novembro de 2010. Duas semanas depois do crime, um homem que foi baleado no ataque e que sobreviveu, apontou, segundo a polícia, o coronel em fotografias. A partir de então, as investigações foram aprofundadas.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.