Três pessoas ligadas à antiga diretoria do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) e um escrevente de um cartório da capital foram presas, na manhã de ontem, acusados de coagir uma testemunha. Segundo as investigações, o grupo articulava a criação de outro sindicato, que atuaria em área similar, travando uma disputa com o Sindimoc.
Coordenada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a ação foi um desdobramento da Operação Waterfront, que em agosto do ano passado investigou supostas fraudes e desvios de recursos no sindicato. As quatro pessoas foram presas em frente à casa de um homem que, segundo o Gaeco, vinha sendo coagido para mudar um depoimento prestado no ano passado ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
"A alteração desse depoimento facilitaria a efetivação de um sindicato similar ao Sindimoc, que já havia sido criado no papel. Trata-se de uma disputa por espaço sindical", disse o coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti. Segundo ele, os suspeitos pressionavam o homem a assinar uma escritura pública que garantia a ele um cargo na direção do novo sindicato caso mudasse o depoimento.
Foram presos Márcio Ramos e João Carlos da Rosa e o advogado Pedro Paulo Macedo da Costa, assessor jurídico do vereador Denílson Pires, ex-presidente do sindicato. Também foi detido o tabelião Denis Cadri Jorge, do 6.º Tabelionato.
Pires foi preso em agosto do ano passado. Ele ficou à frente do Sindimoc por 12 anos, até setembro, quando a chapa de oposição venceu as eleições do sindicato. As investigações indicam que o grupo ligado a Pires tentava reconquistar o controle dos trabalhadores a partir da criação de outro sindicato, que já tinha até uma sigla: Sinmotor.