A literatura de Wilson Bueno era extremamente engenhosa e erudita. Muitos a achavam cerebral. Gostava de criar suas narrativas a partir de referências como Machado de Assis e o checo Franz Kafka. Era um escritor que se impunha pelo estilo, conhecido pelo tempo e pelo esforço que empregava ao burilar seus textos.
Antes de construir uma bibliografia respeitada, com 13 títulos publicados no Brasil, México e Argentina, Bueno chamou atenção no final dos anos 1980 como editor do Nicolau (1987-1995). A publicação abriu espaço para artistas do Paraná e de outros estados, apostando em autores que não tinham espaço em lugar algum. Eram escritores, poetas, cineastas e artistas plásticos que deram passos importantes no jornal.
Bueno estreou na ficção com Boleros Bar (1986). Mar Paraguayo (1992), que alia português, espanhol, guarani e portunhol, levou a obra Bueno ao exterior.
Uma mudança importante na carreira veio em 2004. Foi quando passou a publicar pela gigante Planeta. A estreia na nova editora foi com Amar-Te a Ti Nem Sei Se Com Carícias, todo escrito em português do século 19, uma homenagem a um dos escritores que mais admirava, Machado de Assis (outro era Guimarães Rosa). As fábulas de Cachorros do Céu, seu título seguinte, o colocaram entre os dez finalistas do Prêmio Portugal Telecom, um dos mais importantes do país.
Em A Copista de Kafka, o escritor escreveu uma série de contos independentes à primeira vista, mas que, juntos, criam um painel amplo e o aproximam do romance. Bueno havia entregado os originais de seu trabalho mais recente para a Planeta, uma narrativa que mistura memórias e ficção. "É o meu livro da maturidade, minha obra mais importante", disse.