O senador Fabiano Contarato (PT-ES), ex-líder do PT no Senado, criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por focar a articulação política apenas em pautas econômicas no Congresso e evitar se envolver em discussões que envolvem a segurança pública e de costumes.
A posição do senador capixaba contrasta com a de outros líderes do PT, como os colegas Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Jaques Wagner (PT-BA), que defendem um foco maior na economia. Para ele, a decisão do Palácio do Planalto de evitar envolvimento em outros temas resultará em um “custo muito alto” para o governo nas eleições de 2026.
“Eu não concordo com essa posição do governo. Se a gente não pautar temas como segurança pública, a direita pauta da pior forma que puder. A gente tem que avançar nessa pauta, exercer um protagonismo de forma responsável”, disse em entrevista ao Estadão publicada nesta terça (9).
Para o senador, a segurança pública se tornou uma prioridade no debate nacional, substituindo o combate à corrupção. O governo também sofreu derrotas em outros temas caros à direita, como a restrição das saídas temporárias e a PEC que criminaliza o porte de drogas.
Contarato vê que a ausência ou demora do governo em se posicionar nestes temas traz prejuízos significativos. Na mais recente crise, o Palácio do Planalto atrasou em se posicionar sobre o “PL Antiaborto”, e levou Lula a determinar que os líderes do governo trabalhassem para conter a discussão.
“Esse é um tema [segurança pública] que tem que entrar no debate do governo, sob pena de ter um ônus a carregar. Eu não quero pagar por esse ônus, por isso tenho feito esse enfrentamento”, disparou.
O senador ressaltou que suas opiniões sobre segurança pública e costumes não encontram eco dentro do PT e na bancada do partido no Senado. “Queria que tivesse mais a percepção de que é urgente. A população só adere a esse discurso populista porque está fragilizada”, disparou.
Contarato é ex-delegado da Polícia Civil e único senador declaradamente homossexual, e costuma se posicionar em algumas pautas de costumes. Uma delas, a redução da maioridade penal, ele se declara contra.
No entanto, sugere que o debate sobre aumentar o período de internação para adolescentes que cometem atos infracionais graves deve ser iniciado.
“Sou contra a redução da maioridade penal, que é uma cláusula pétrea. Mas não acho razoável um adolescente que pratica um ato infracional com violência ou grave ameaça ficar no máximo três anos em internação. Por que a gente não inicia o debate”, questionou.
Contarato também mencionou o apoio popular a medidas como castração química e pena de morte como reflexo da vulnerabilidade e sensação de insegurança da população. “O que era antes a corrupção, agora é a segurança pública. Essa é uma reflexão boa. Por que as pessoas, se você falar em castração química, aplaudem? Pena de morte, prisão perpétua? Fico estarrecido. Porque a população se vê vulnerável e se vê violentada na liberdade de ir e vir. Ela se agarra naquilo que acha que é o mecanismo mais imediatista”, completou.
Quais ONGs cooperaram com Moraes e são alvo do Congresso nos EUA
MST elege 133 candidaturas entre militantes próprios e políticos apoiadores da causa
Lula põe o comércio exterior brasileiro a serviço de terroristas e assassinos
Censura ineficaz: banimento do X no Brasil teve impacto mínimo no uso da rede social
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora