Ponta Grossa - Ruralistas de várias partes do estado se dirigiram ontem a Ponta Grossa para dar apoio ao tenente-coronel reformado Waldir Copetti Neves, que diz ser dono da área ocupada pelo MST no último sábado. Neves permanece sob uma barraca montada há cerca de 150 metros do acampamento.
No terceiro dia da ocupação, o clima na fazenda São Francisco II foi de tranquilidade. Parte do grupo de 200 pessoas que tomou a área no sábado de madrugada montou cinco barracas e levou animais para o terreno. Uma viatura do 1.º Batalhão de Polícia Militar está de prontidão no local.
"Vou ficar aqui até eles (os sem-terra) saírem", enfatizou Neves. "Nós vamos ficar aqui", frisou Rodrigo Dias, militante do MST. O pedido de reintegração de posse, levado à Justiça no domingo, ainda não foi analisado. O ex-policial levou as duas filhas e uma sobrinha para o local e reforça que não está havendo violência. Os sem-terra dizem que estão recebendo provocações. "Eles dão sinal de luz com os carros e acendem lanternas em nossa direção", disse a militante Maria de Oliveira.
A cada troca de turno dos policiais militares, os sem-terra são avisados de que não podem danificar a soja plantada no local. "Nós não vamos mexer com a soja por determinação do MST, não deles (os policiais)", acrescenta Maria. A área, de 35 alqueires, foi arrendada para Elmir José Groff, que plantou soja, milho e feijão. A soja seria colhida na primeira semana de abril, mas até lá seriam necessárias novas aplicações de veneno para combater a ferrugem. "Nós não vamos deixar eles jogarem veneno perto de nossas crianças", adiantou Dias.
O presidente da União Democrática Ruralista (UDR) no Paraná, Marcos Prochet, que viajou de Londrina para apoiar Neves, lembrou os números do agronegócio no país. "Até as cestas básicas compradas para os sem-terra saem das nossas produções", disse. "A agricultura ocupa só 8% das terras brasileiras e ainda querem tirar isso da gente", disse Groff.
Segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra, entre os anos de 1997 e 2008, ocorreram 26 ocupações de propriedades rurais na região dos Campos Gerais. Dessas, quatro foram em áreas que estão em litígio entre Neves e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
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