Brasília – A ex-servidora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino disse ontem, em depoimento à Corregedoria da Câmara dos Deputados, que 283 parlamentares – ou 47% do total do Congresso – possuíam algum tipo de relacionamento com a Planam, empresa acusada de organizar a fraude no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras.

CARREGANDO :)

Segundo relato de presentes ao depoimento, tomado a portas fechadas, Maria da Penha, presa na "Operação Sanguessuga", da Polícia Federal, afirmou que todos os parlamentares (a maioria deputados) que se relacionavam com a empresa participavam de algum tipo de "acerto", mas ela não especificou os valores nem as formas de pagamento de propinas, além de ressalvar que nem todos recebiam dinheiro da empresa.

"Ela disse que todas as emendas liberadas para unidades móveis de saúde eram negociadas com parlamentares (...) e que o parlamentar contatado pela empresa só liberava a emenda mediante negociação", afirmou na saída o advogado de Maria da Penha, Eduardo Mahon, que ressaltou ser "irresponsabilidade" dizer que todos os deputados participariam de negociações "espúrias".

Publicidade

Desvio

O escândalo dos "sanguessugas" veio à tona devido a operação homônima da PF. A acusação é que haveria desvio de verbas do Orçamento da União para que prefeituras adquirissem ambulâncias superfaturadas da Planam. As verbas eram reservadas no Orçamento por meio de emendas de congressistas. Segundo a PF, o esquema movimentou R$ 110 milhões desde 2001.

O número de envolvidos não pára de mudar. A lista começou com 63 nomes de parlamentares, que tiveram ou assessores presos ou seus nomes citados na operação da Polícia Federal. Os casos foram avaliados pela Mesa da Câmara, que arquivou 36 e decidiu seguir a investigação inicialmente contra 16. Ao depor na PF, Maria da Penha disse que um "terço da Câmara" (170 deputados) faria parte do esquema, mas só apontou 81 parlamentares. Ontem, baseada nos arquivos da Planam, disse que a empresa mantinha relação com 283 parlamentares.