A Secretaria de Saúde de Pernambuco informou nesta quarta-feira (3) a identificação de anticorpos compatíveis com o zika vírus no líquido cefalorraquidiano (LCR) de 12 recém-nascidos do estado com microcefalia. A descoberta reforça a relação entra a doença e o crescente número de bebês com a má-formação. Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, divulgado na terça-feira (2), já são 404 bebês com microcefalia ou alterações no sistema nervoso central relacionadas a alguma infecção congênita. Deste, 153 só em Pernambuco.
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De acordo com informações da Secretaria de Saúde do estado em coletiva de imprensa, o material de outros 28 bebês passará por teste sorológico nos próximos dias. O exame é realizado no centro de pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz em Pernambuco. A sorologia consegue identificar a presença de anticorpos produzidos pelo organismo após ter contato com determinado agente infeccioso. Desta forma, é possível afirmar que houve contato com o vírus, mesmo que ele não esteja mais presente no organismo.
Sorologia
Os exames sorológicos estão sendo feitos com o uso de antígenos enviados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unido. Nesta quarta-feira (3), a Anvisa liberou a comercialização no Brasil de kits de testes sorológicos para Zika, Chukungunya e dengue.
Até o momento, os pesquisadores brasileiros vinham buscando apenas partículas dos vírus no material colhido dos bebês e das mães de crianças com microcefalia. A dificuldade é que essa análise só é precisa se feita na fase aguda da doença, quando os sintomas estão evidentes.
No caso dos bebês com microcefalia, o teste molecular não estava sendo tão eficiente. Quando era realizado, o vírus não estava mais presente no organismo do recém-nascido. Já com a sorologia, é possível saber se houve a infecção, mesmo a criança não estando mais doente.
No caso dos bebês analisados, os pesquisadores destacam que foram detectadas imunoglobulinas M – que não passa de mãe para filho. Isso indica que foi o organismo da própria criança que produziu a reação. Além disso, como o material foi encontrado no líquido cefalorraquidiano, ganha força a ideia de que o zika vírus atacou o tecido nervoso do feto.
Mas, como o número de casos avaliados é pequeno, ainda não é possível afirmar que o zika foi o responsável pela microcefalia. Mas o achado se soma a outras descobertas importantes que indicam nesse sentido. A primeira delas foi a detecção de partículas virais no líquido amniótico de dois fetos com microcefalia. A segunda descoberta foi feita por pesquisadoras do Paraná. Elas conseguiram mostrar que o zika ultrapassa a barreira placentária e contamina células que chegam ao bebê.
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