O Instituto Médico Legal (IML) deve divulgar, até a próxima sexta-feira (27), o resultado do exame de sangue que revelará se o motorista Eduardo Garzuze dirigia alcoolizado no acidente que matou três pessoas da mesma família no bairro Rebouças, em Curitiba. Garzuze já teve a prisão decretada e foi indiciado por homicídio culposo com dolo eventual, mas só deve receber alta do Hospital do Trabalhador no início da semana que vem.
Nesta terça-feira (24), o condutor prestaria depoimento a policiais da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), que investiga o caso. Garzuze optou, no entanto, por se manifestar apenas em juízo, e ainda não forneceu sua versão sobre a ocorrência.
O acidente
A colisão, que aconteceu na madrugada do último domingo (22) no cruzamento entre a Avenida Silva Jardim e a Rua Alferes Poli, envolveu dois veículos. O carro de Garzuze, um Ford Ka, acertou a lateral de um Corsa Classic que levava quatro pessoas: a costureira Lorena Araújo Camargo, de 47 anos; sua filha, Gabriele Empinotti, 23 anos, o neto Igor Empinotti de Oliveira, 9 anos, e o noivo de Gabriele, Jackson Adriano Ferreira, de 31 anos.
Os três primeiros morreram no acidente. Jackson está internado no Hospital Evangélico. De acordo com a assessoria do hospital, o estado da vítima é estável, ele se recupera e deve receber alta nos próximos dias. Lorena, Gabriele e Igor foram sepultados na última segunda-feira (23), em São José dos Pinhais.
Investigação
O Dedetran deve finalizar o inquérito do caso nos próximos dias. Foram analisadas imagens da câmera de segurança de uma loja na esquina entre as duas ruas. O vídeo sugere que o Corsa, que trazia as vítimas, vinha pela Rua Alferes Poli em baixa velocidade, e passou pelo cruzamento no momento em que o semáforo mudava do amarelo para o vermelho. Já o Ford Ka vinha em alta velocidade pela Avenida Silva Jardim e passou no local no instante que o sinal mudava do vermelho para o verde.
Apesar disso, conforme explica o titular da Dedetran, Rodrigo Brown, o condutor será indiciado por homicídio culposo com dolo eventual, quando o motorista não tem a intenção de matar, mas assume o risco por dirigir em alta velocidade ou embriagado, por exemplo. Segundo o delegado, tudo leva a crer que Garzuze estaria acima do limite de velocidade, e não pararia no semáforo mesmo que o sinal estivesse fechado. "Ainda aguardamos a perícia para determinar a que velocidade o motorista vinha, mas é quase certo que estava acima do limite. Somado a isso, temos relatos de testemunhas que o viram furar vários sinais nas quadras anteriores ao acidente", explica Brown.
A polícia ouviu outro motorista, que dirigia um Fiat Palio na noite da tragédia, e havia se envolvido em uma colisão com o Ford Ka poucas quadras antes do cruzamento. Esse terceiro condutor, segundo Brown, disse à Dedetran que desceu do carro pra anotar a placa do carro de Garzuze, e ele fugiu dirigindo pela Silva Jardim sem prestar satisfações, até colidir em seguida, no acidente fatal.
Defesa
O advogado do suspeito, Daniel Boscardin, rebate as acusações. Segundo ele, o rapaz havia saído do trabalho, na loja de conveniência de um posto de gasolina, antes de se envolver na sequência de acidentes. Na primeira colisão, em que só houve danos materiais, Garzuze teria sido agredido pelo outro motorista, motivando a fuga, segundo o advogado.
Sobre o avanço de sinal, Boscardin disse que quer ter acesso às imagens de segurança e depoimentos antes de se pronunciar a respeito. Sobre a informação de que Garzuze apresentava hálito etílico, relatado pelos policiais que atenderam a ocorrência e registrado no prontuário médico, o advogado argumentou que o rapaz é diabético e, via de regra, não pode beber. Essa resposta só será obtida com o resultado do exame de alcoolemia.
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