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de aulas práticas são exigidas pela lei para qualquer candidato a motorista no Brasil. "Esse tempo é insuficiente para aprender a se virar bem no trânsito", opina Jussara Machado, proprietária de um centro de formação de condutores em Curitiba. Segundo ela, o índice de aprovação no exame teórico é "ótimo" na sua autoescola, mas muitos alunos têm dificuldade no prático. O candidato precisa fazer ainda nove horas de aulas teóricas.
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Quase metade dos cerca de 1 milhão de exames práticos de habilitação realizados no Paraná em 2012 resultou na reprovação dos candidatos. No mesmo ano, o quadro se repetiu nos exames teóricos. Em ambas as situações, o índice de pessoas que "derraparam" foi de 46%, segundo dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR). Mesmo com porcentagens menores, as avaliações psicológica e médica também eliminaram alguns candidatos. Analisados em conjunto, estes dados mostram que não é fácil passar logo na primeira tentativa.
O coordenador de habilitação do Detran-PR, Larson Orlando, explica que não há uma causa exata para tantas reprovações, mas admite que o nervosismo e o despreparo são alguns dos fatores que podem atrapalhar o candidato. Ele afirma que a cada nova resolução sobre habilitação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o conteúdo cobrado e o rigor das provas são aumentados. "Não tem como a gente atribuir as reprovações a algum fator específico, mas conseguimos perceber que a cada ano as reprovações aumentam", pontua Larson.
O jornalista Ronaldo Trancoso Júnior conhece bem a dificuldade para fazer a carteira. Ele foi reprovado duas vezes no teste prático antes de conseguir a licença para dirigir. Os exames foram feitos em Ponta Grossa, onde estudava na época. "Os avaliadores eram bastante rigorosos, por isso tive problema para passar logo na primeira prova prática. Tenhos amigos que reclamam que o processo para passar em Curitiba também é bastante difícil", afirma.
Exceção à regra
Contrariando a tendência de reprovação na primeira tentativa, o pianista e professor do Conservatório Dramático Musical de Ponta Grossa, Douglas Passoni, 23 anos, conta que passou em todas as fases sem a necessidade de novos testes. Ele procurou o Centro de Formação de Condutores (CFC) no final de novembro do ano passado e na semana seguinte já começou as aulas teóricas. Em apenas dois meses concluiu todo o processo.
"Não tive dificuldade em nenhum deles. É normal ficar um pouco nervoso no teste prático, mas para mim foi tranquilo porque planejei tudo. Marquei minhas férias justamente para fazer a carteira", explica. O mais curioso é que mesmo sendo filho de uma instrutora de autoescola e de um vendedor que usa o carro todos os dias, Passoni garante que mal sabia ligar o carro antes de começar as aulas no CFC. "Meus pais não moram aqui na cidade e, para não criar expectativas, só contei tudo a eles quando terminei o processo, com sucesso", ressalta.
Legislação
Prova escrita é o calcanhar de Aquiles dos candidatos do interior
A análise das estatísticas de reprovação no Detran-PR revela um dado curioso: enquanto a teoria é o calcanhar de Aquiles dos candidatos a motorista no interior do estado, na capital as reprovações são mais frequentes no exame prático. No ano passado, 40% dos aspirantes a condutor em Curitiba levaram "bomba" na prova teórica. No interior, esse índice foi de 48%. Já no exame que testa a habilidade na rua, a proporção é contrária 45% dos candidatos do interior foram reprovados em 2012 contra 50% na capital.
O sociólogo Eduardo Biavati, especialista em Educação e Segurança no Trânsito, diz que é difícil apontar uma única razão para essa discrepância, pois "os exames aplicados no interior e na capital, em princípio, têm de ser iguais". Mas, afirma, o trânsito de uma cidade maior, como Curitiba, pode deixar o motorista um pouco mais nervoso na hora do teste prático.
Escolarização
Já no interior, afirma Biavati, o nível de escolarização em geral inferior se reflete na dificuldade de interpretar as questões da prova teórica. "Nas cidade menores um adolescente tem mais facilidade para aprender a dirigir, ainda que de um jeito errado, do que numa grande capital. Ou seja, ele chega ao centro de formação de condutores (CFC) com uma certa experiência ao volante mas, ao mesmo tempo, com dificuldade para entender as regras de trânsito", salienta.
Proprietária de um CFC em Ponta Grossa, Lúcia Scheiffer vive na sua escola uma espécie de reprodução do mesmo fenômeno verificado nos dados do Detran-PR em pequena escala. "Tenho duas sedes do CFC. Na região do centro da cidade, onde tenho uma filial, noto que as pessoas têm mais facilidade com as questões teóricas. Já na matriz, que fica num bairro, os alunos têm mais dificuldade em entender as mesmas questões", afirma. Ela não aposta em nenhuma causa específica para isso, mas reconhece que a matriz tem uma procura um pouco maior por pessoas de menor escolaridade.
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