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Open Society

Exclusivo: em um ano, George Soros despejou R$ 107 milhões em ONGs brasileiras

George Soros: financiador de grupos de esquerda ao redor do mundo. (Foto: Reprodução/YouTube)

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A fundação comandada pelo bilionário George Soros repassou, em apenas um ano, o equivalente a R$ 107,2 milhões a organizações que atuam no Brasil. Um levantamento feito com exclusividade pela Gazeta do Povo aponta que uma centena de ongs brasileiras receberam recursos de Soros por meio da Open Society Foundations, fundada por ele. O total alcançou US$ 19,9 milhões. A cifra em reais leva em conta o câmbio médio daquele ano.

O número é semelhante ao repassado em 2020, quando 109 organizações receberam aproximadamente US$ 22 milhões – equivalente a R$ 113 milhões, levando em conta o câmbio da época.

A conta inclui apenas os projetos com foco no Brasil por entidades brasileiras (a maioria) e estrangeiras. O volume de recursos de Soros que chegou ao país tende a ser ainda maior. Isto ocorre porque algumas entidades receberam da Open Society para custear projetos em mais de um país ao mesmo tempo. Estes casos não foram incluídos na lista feita pela Gazeta do Povo. O Washington Office na América Latina, por exemplo, recebeu US$ 1,9 milhão de dólares para atuar na região, mas não foi considerado no cálculo porque não é possível saber quanto deste dinheiro foi de fato aplicado no Brasil.

Embora não haja indícios de que os repasses de Soros violem alguma lei do Brasil, o investimento pesado do bilionário gera questionamentos sobre um possível desequilíbrio no debate público no país. Muitas das entidades financiadas por ele produzem relatórios e pesquisas que são posteriormente usados para embasar decisões dos três poderes. E algumas das causas defendidas por Soros são claras. A descriminalização das drogas, a promoção da agenda LGBT e a promoção das pautas mais radicais do movimento negro estão entre elas.

Em outras palavras, a interferência de Soros, embora aparentemente ocorra dentro da lei, ajuda a fabricar falsos consensos. E sempre em favor das bandeiras progressistas.

Maior beneficiado redistribuiu recursos

Dentre as ongs brasileiras que receberam recursos de Soros em 2021, a maior beneficiada foi o Instituto Clima e Sociedade. A entidade recebeu US$ 1,5 milhões (pouco mais de R$ 8 milhões). A ong é comandada por Ana Toni, que presidiu o Conselho do Greenpeace Internacional e foi diretora da Fundação Ford no Brasil. Assim como a Open Society Foundations, a Fundação Ford promove causas progressistas mundo afora.

Em sua página na internet, o Instituto Clima e Sociedade afirma atuar em apoio a “diversos agentes locais que lutam pelo Brasil para evitar os impactos negativos do aquecimento global.” Além disso, com frequência, o instituto financia outras organizações no Brasil. Na lista estão a Associação Nacional dos Procuradores da República, o Memorial Chico Mendes, Comissão Pastoral da Terra do Pará.

Um dos projetos financiados pelo Instituto Clima e Sociedade é a construção de uma “Rede Eco Profética em Defesa da Amazônia”. O objetivo da iniciativa é “construir e fortalecer estratégias coletivas de comunicação, campanha e engajamento em defesa da floresta utilizando narrativas de fé”. O donatário é uma organização chamada Casa Galileia.

O Instituto Alana, conhecido por promover causas progressistas ao público infantil, também recebe recursos do Instituto Clima e Sociedade. Em 2022, o Alana manteve um projeto para “analisar e evidenciar o plano de políticas públicas, incluindo as políticas climáticas dos candidatos à presidência para as crianças, com produção de conteúdos sobre o cenário atual para população e realização de um trabalho de fact checking referente aos assuntos que afetam a infância”.

Outra destinatária dos recursos do Instituto Clima e Tempo em 2022 foi a União Nacional dos Estudantes. A entidade, que está nas mãos do PCdoB há décadas e cuja presidente, Bruna Berlaz, militou pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu dinheiro para “engajar jovens por um voto consciente em defesa da Amazônia e da Educação”.

Apoio ao “desencarceramento” de presos

Em terceiro lugar dentre os maiores beneficiados por George Soros no Brasil em 2022, com R$ 2,7 milhões, está o INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos). Um dos projetos da organização, o Mapa dos Afetos, orienta comerciantes a respeitarem a “a identidade de gênero nos banheiros de seu espaço".

Em quinto lugar aparece o GAJOP (Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares). Com sede no Recife, a entidade tem como missão “Defender e promover os Direitos Humanos, com foco no Acesso à Justiça e Segurança”. A organização tem em seu portfólio um programa que “fortalecer familiares de pessoas privadas de liberdade para o enfrentamento dos impactos ocasionados pela Lei de Drogas”, “com destaque para os elementos estruturantes da desigualdade (gênero, raça e classe).” O GAJOP também é signatário da Agenda Nacional pelo Desencarceramento, que exige a “suspensão de qualquer investimento em construção de novas unidades prisionais.”

A lista de beneficiados da Open Society no Brasil inclui ainda a Associação Marielle Franco, a Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso, a Fundação Getúlio Vargas, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e a página Quebrando o Tabu.

Influência estrangeira é ainda maior

Muitas das entidades beneficiadas pela Open Society no Brasil também recebem aportes de outras grandes organizações estrangeiras. O GAJOP, por exemplo, tem apoio da Oak Foundation e da Die Sternsinger, um braço da Igreja Católica da Alemanha. O CFEMEA recebe de pelo menos outras cinco entidades estrangeiras, incluindo a União Europeia e a Fundação Ford. A Agência Mural das Periferias já manteve parcerias recentes com entidades como Unesco, Unicef, Facebook e Twitter.

O padrão se repente com dezenas de outras ongs.

Desproporção de forças

Para Giuliano Miotto, que presidente do Instituto Liberdade e Justiça – uma organização de perfil liberal –, o número de ongs brasileiras que receberam recursos de George Soros deixa clara uma disparidade entre a esquerda e a direita. “Uma organização com uma proposta mais à direita dificilmente, ou quase nunca, terá acesso a financiamentos de valor tão elevado”, diz ele, que também é advogado e escritor. Miotto afirma que essa disparidade distorce o debate no país. “O financiamento amplo destas organizações permite que eles tenham um número maior de pessoas dedicadas em tempo integral ao desenvolvimento da chamada janela de Overton em seu benefício”. A janela de Overton é o conjunto de ideias e valores que são considerados aceitáveis em uma sociedade.

Na opinião de Miotto, os empresários que se identificam com a direita tendem a doar apenas a campanhas eleitorais. Além disso, segundo ele, falta uma visão clara por parte de brasileiros liberais e conservadores. “A direita no Brasil ainda não tem noção da importância do trabalho dos think tanks e ongs", diz.

A Gazeta do Povo procurou as organizações citadas nesta reportagem, mas não obteve resposta até o momento.

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