Brasília O vice-presidente de segurança de vôo da Airbus, Yannick Malinge, negou ontem que tenha ocorrido pane ou falha no computador de bordo do Airbus-A320 da TAM, que se acidentou no dia 17 de julho. Segundo ele, as informações e os dados das caixas-pretas indicam que não houve falhas nem problemas na frenagem da aeronave.
"Nós não vemos nenhuma pane neste acidente", afirmou Malinge durante depoimento à CPI do Apagão na Câmara. "Evidentemente que quando há uma acidente, nós não podemos descartar hipótese alguma. Mas nós nos confortamos ao ouvir as gravações, pois não houve uma pane nem falha do computador de bordo", afirmou.
O engenheiro aeronáutico disse ainda que o Airbus-A320 da TAM teve os manetes, os freios, os spoilers e o reverso funcionando normalmente. "Os dados disponíveis mostram que a frenagem do avião funcionou normalmente: os freios, os spoilers e o reverso. Existem duas possibilidades de utilizar os freios: a freagem automática e a manual", afirmou.
Malinge disse ainda que o modelo A320 oferece cinco vezes menos risco de acidentes. No entanto, ele disse não ser possível dar uma resposta objetiva sobre as causas do acidente. De acordo com o representante da Airbus, é necessário aguardar a conclusão das investigações.
No começo da sessão da CPI, Malinge leu uma carta do presidente da empresa, Louis Gallois, autorizando que ele preste todos os esclarecimentos necessários à CPI do Apagão na Câmara.
O presidente em exercício da CPI do Apagão na Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou as declarações de Malinge. "O mais grave é ele (Malinge) emitir opinião e um comunicado isentando o equipamento e ao mesmo tempo pedir prudência nas investigações", afirmou Cunha. "Não estou convencido com a informação dele de que não houve pane. É muito precipitado afirmar que houve falha mecânica ou humana."
Para o parlamentar, Malinge cumpre o papel dele ao defender a Airbus, mas ele advertiu sobre a incoerência do discurso do engenheiro francês. "As explicações dele (Malinge) me causam estranheza. Mas a Airbus está no papel dela, de se defender."