O Exército vai enviar um reforço de 200 militares para o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, em resposta aos conflitos de terça-feira à noite no conjunto de favelas. O efetivo vai complementar o adicional de 100 fuzileiros já enviados pelo Exército. Além disso, as comunidades da Baiana e do Adeus e mais 11 pontos próximos foram ocupados por 120 homens da Polícia Militar por tempo indeterminado, informou o comandante da PM do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte.
Segundo o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, um "número muito pequeno" de traficantes teria entrado de carro nas comunidades pela Vila Cruzeiro. O comandante do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, afirmou que os tiros disparados contra os militares foram feitos das comunidades da Baiana e do Adeus. Segundo ele, o Exército foi pego de surpresa pela ação dos criminosos, enquanto investigava incidentes acontecidos no conjunto de favelas no último fim de semana. "Foi [uma surpresa], porque a inteligência não tinha levantado essa ação", disse.
De acordo com o comandante, os distúrbios teriam começado no domingo, depois que militares perseguiram dois jovens flagrados vendendo drogas e entraram em um bar para onde eles fugiram. O general explicou que os soldados teriam "perdido o controle", utilizando spray de pimenta e fazendo disparos com balas de borracha. O comércio de drogas foi filmado pelos militares.
Pereira Júnior disse que quatro homens do Exército estão afastados e que foi aberto um inquérito para apurar o que houve. "Ali começou o erro, [que foi] não perceber que se tratava de uma armadilha", afirmou, ao atribuir o episódio a uma armação de pessoas ligadas ao tráfico. Ele refutou a versão de que o que motivou a reação dos militares foi a recusa dos frequentadores de baixar o som da tevê.
O general admitiu que o Exército respondeu aos disparos feitos pelos traficantes com armamento pesado. Ele também confirmou que ainda há tráfico na região e que traficantes de fora eventualmente circulam na área. "Existe tráfico lá dentro. Não há paz completa", disse. O comandante afirmou ainda que o Exército vai voltar a ser mais rigoroso nas revistas, mas prometeu respeito aos moradores da localidade. "Vamos voltar a fazer mais revistas nas pessoas que pelas atitudes indicarem que estão fazendo algo errado", declarou.