Moradores reclamam de arrombamentos
As batidas policiais em domicílios do Complexo do Alemão provocaram a revolta de muitos moradores, que tiveram portas arrombadas, objetos pessoais revirados e foram vítimas de saques. Sem mandados de busca para as 30 mil residências do conjunto de favelas, a polícia garantiu que só procuraria armas, drogas e criminosos em locais onde sua entrada fosse autorizada, mas parte da população denunciou a invasão indiscriminada de parte das casas da comunidade pelas forças de segurança.
Moradores que deixaram as favelas devido aos tiroteios contam que voltaram para casa e perceberam que haviam tido pertences roubados. "Quando cheguei, a porta estava arrombada, e o computador e um ventilador haviam sumido", conta um pedreiro, morador da Favela da Grota, que não quis se identificar.
Um professor de 45 anos, que está fora do conjunto de favelas desde o dia 25, não sabe o que vai encontrar quando voltar para casa. "Acho inconstitucional abrir a casa das pessoas sem mandado e absurdo que a polícia deixe a residência aberta", disse o homem.
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, garantiu não haver ilegalidade. "As casas são (investigadas) em condição de flagrante ou com a própria concessão do morador. Essa é a regra", garantiu. (AE).
Obras
Agora, favela será "invadida" pela prefeitura
Folhapress
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), apresentou um pacote de serviços públicos para os complexos de favelas do Alemão, da Penha e para dez bairros da região, ocupados por forças policiais. A "invasão de serviços" foi definida numa reunião com diversos secretários municipais. "A prefeitura tem um papel importante a cumprir a partir de agora porque são áreas que vêm já há muito tempo sofrendo ou por ter serviços públicos inexistentes ou por sua deficiência", disse. As ações emergenciais, no entanto, ainda aguardam a autorização da Secretaria Estadual de Segurança Pública para que sejam concretizadas.
A vila olímpica do complexo do Alemão servirá de base para a realização dos serviços, para os quais Paes pediu ao Tribunal de Contas do Município agilidade na liberação de verbas e licitações.
Diante de ruas depredadas e da construção de barricadas por traficantes, a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos concentrará esforços na pavimentação e drenagem das vias.
A limpeza imediata da área será feita por 600 garis. Depois, a ideia é que cem homens façam a varredura e coleta de lixo permanente da região. Também terá início a limpeza de quatro rios que cortam a área. Com 14 equipes, a Rio Luz vai restabelecer a energia no local e reformular o sistema de iluminação dos dois complexos. E cerca de R$ 10 milhões serão investidos de forma emergencial em obras de contenção de encostas no complexo da Penha.
Mesmo contrariado, o Exército vai permanecer no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro até julho de 2011. As tropas federais substituirão as Polícias Civil e Militar nas duas comunidades ocupadas no Rio de Janeiro. A avaliação da cúpula é que há um consenso político, irradiado a partir do Planalto, que prega a permanência das tropas nos morros e torna a ampliação da missão irreversível.Ontem, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) encontrou-se com a presidente eleita, Dilma Rousseff. Acrescente-se à pressão política, o clamor da população, que apoiou maciçamente a operação contra o tráfico e a presença do Exército nas ruas.
Os militares, porém, estão preocupados com a mudança da missão, que deixará de ser apenas de vigilância de perímetro, isto é, de controle das entradas e saídas do morro, para se tornar uma tarefa de quase policial, desempenhada no interior do Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro. O receio do comando é que a duração da missão somada ao novo perfil de operação coloque os militares em contato íntimo com o narcotráfico, que pode contaminar setores do Exército.
De acordo com fontes militares, o prazo combinado com o governo do Rio é suficiente para formar novas turmas de PMs para atuar na região, com a inauguração de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas duas comunidades. Nesse período de quase oito meses, o efetivo de 800 homens do Exército deve ser mantido.
"Como nós temos a previsão de formar 7 mil homens em 2011, nós temos um cronograma. E a presença das forças do Ministério da Defesa no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro nos dará a garantia do nosse cronograma", explicou Cabral. "É, na verdade, uma antecipação enorme de datas e de conquistas, mas, ao mesmo tempo, uma tranquilidade para que possamos continuar fazendo, sem comprometer nosso calendário de UPPs", disse.
O modelo de atuação do Exército não será, porém, nos moldes das UPPs. As tropas terão um comando militar e poderão reagir em caso de risco à segurança. A reportagem apurou que a Defesa editará uma nova Diretriz Ministerial para resguardar de complicações legais o eventual uso da força pelas tropas, em caso de necessidade.
Na última quinta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, editou a Diretriz Ministerial n.º 14, que determinou apenas o reforço do apoio, como a disponibilidade de blindados, ao governo do Rio nas operações de combate à onda de criminalidade.
Segundo militares, a legislação sobre operações de "Garantia da Lei e da Ordem (GLO)" abriga a nova missão do Exército. A mudança, porém, é necessária para deixar claro as novas atribuições. Ontem, o Ministério da Defesa divulgou nota dizendo que foram "atingidos os primeiros objetivos" e que permanecem em contínua coordenação com as autoridades estaduais para avaliar os "meios necessários para as próximas etapas das ações".
Próximos passos
O governador do Rio informou que já está pensando nos "passos seguintes" nas reconquistas dos territórios dominados pelo tráfico. Ele não quis estabelecer datas e nem citou comunidades, mas o governador disse em diversas ocasiões que favelas grandes, como Jacarezinho e os complexos de Manguinhos e Maré, na Zona Norte, e a Rocinha e o Vidigal, na Zona Sul, também serão ocupadas.Hoje, Cabral inaugura a 13.ª UPP no Morro dos Macacos, em Vila Isabel.
Facção tem prejuízo de R$ 68 mi com a tomada
A tomada do Complexo do Alemão pela polícia não significa somente a perda do território mais importante para o Comando Vermelho (CV), mais antiga facção criminosa do Rio de Janeiro. Somente nos dois últimos dias de operação, a quadrilha chefiada por Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP teve um prejuízo aproximado de R$ 68 milhões, somente com a apreensão de drogas e armas.
A polícia ainda não sabe onde os chefes da quadrilha que estão soltos vão se restabelecer, mas a aposta é que tentem conquistar alguma favela que compense a perda com a venda de drogas. "A única favela em que o movimento se assemelha ao do Alemão é a Rocinha, que pertence a uma facção rival ao Comando Vermelho [Amigos dos Amigos - ADA]", disse um oficial da Inteligência da PM.
Segundo esse oficial, até que consigam se reabastecer de armas e munição, os principais chefes do tráfico no local devem se refugiar em outras favelas domina-das pelo CV. Entre as mais importantes, estão o Complexo de Manguinhos e a Mangueira, ambas na zona norte. "Eles vão passar um tempo mais quietos, mas depois vão precisar praticar crimes que capitalizam a quadrilha, como roubo a banco e roubo de carro", disse o policial.
Esgoto
Segundo a polícia, os traficantes roubaram uniformes de operários da obra do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e de concessionárias de serviços públicos para escapar do cerco da polícia. As rotas usadas pelos bandos contam com tubulações de esgoto e de galerias pluviais.
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