Uma empresa do Paraná afirma que oficiais do Exército pediram propina para referendar a vitória numa licitação. Segundo reportagem da revista "Veja", a cobrança de dinheiro foi feita ao Grupo Mascarello, fabricante de ônibus.
Sob a promessa de liberar pagamentos referentes à venda de 65 ônibus para o Batalhão da Guarda Presidencial, os oficiais exigiram 5% dos R$ 17,8 milhões da concorrência vencida pela Mascarello.A empresa fez chegar o problema ao senador Roberto Requião (PMDB-PR), que falou com ministro Aloizio Mercadante (Educação). Após isso, a licitação foi referendada sem o pagamento de propina e o Exército abriu uma investigação ainda não concluída, segundo a revista.
À reportagem, Requião disse que recebeu a denúncia no fim do ano passado. Segundo ele, um integrante da diretoria da Mascarello falou com ele sobre o assunto e ele repassou a denúncia a Mercadante.A assessoria do ministro, por sua vez, afirmou à reportagem que recebeu a suspeita e a comunicou ao Comando do Exército.
"[Após a denúncia de Requião] o ministro [Mercadante] ligou imediatamente ao Comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, relatando o ocorrido", afirmou.
"Posteriormente, o comandante informou ao ministro que a empresa assinou o contrato sem qualquer dificuldade, dentro das regras da licitação, e que todas as pessoas citadas foram ouvidas. Posteriormente, a presidente foi comunicada do fato, das providências tomadas e da pronta resposta do comandante do Exército."
A "Veja" não informa os nomes dos oficiais investigados. A reportagem tentou, sem sucesso, ouvir o Exército sobre a suspeita.
A compra dos ônibus para o Batalhão da Guarda Presidencial está inserida num dos projetos do governo do ano passado para aquecer a economia, o chamado PAC Equipamentos.
No total, o governo tinha a intenção de gastar R$ 8,4 bilhões com a compra de equipamentos em vários ministérios.