O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou nesta quinta-feira (2) que Forças Armadas, Polícia Federal, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal atuarão em conjunto numa operação para conter as mortes decorrentes de conflitos fundiários no norte do país.
As ações farão parte da Operação Defesa da Vida, que irá integrar forças nacionais e estaduais no combate a crimes relacionados a disputas por terra e desmatamento ilegal. A decisão foi anunciada após reunião de Cardozo com a presidente Dilma Rousseff e os governadores do Pará, Amazonas e Rondônia, na tarde desta quinta.
"A Operação Defesa da Vida envolve dois tipos de ação. O pirmeiro tipo [de ação] é uma ação policial propriamente dita, que vai envolver a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional e as Forças Armadas, que entrarão a partir de uma solicitação dos senhores governadores numa ação importante nesses estados, com o objetivo claro de possibilitar que não ocorram novos homicídios e fazer a verificação clara do que está acontecendo", afirnou o ministro.
A Polícia Civil investiga ainda a morte de um homem na Zona Rural de Eldorado dos Carajás, no Pará, na manhã desta quinta. Não há informações sobre o autor do tiro e se a morte está relacionada a disputa por terras.
O ministro da Justiça afirmou ainda que outro objetivo da operação lançada pelo governo federal no Norte do país é garantir que os crimes não fiquem impunes. Cardozo, os ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Scretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, além de representantes do Ministério Público e do Conselho Nacional de Justiça farão visitas ao Pará, Rondônia e Amazonas para verificar a investigação dos assassinatos cometidos nos três estados.
"É necessário que nós tenhamos inquéritos rápidos para apurar homicídios.É necessário que tenhamos também ações judiciais rápidas para que sejam punidos aqueles que praticaram atos ilícitos", disse.
O ministro admitiu que será impossível garantir escolta policial a todos os trabalhadores rurais e ambientalistas que sofrem ameaças de morte. No entanto, ele afirmou que o governo estudará os casos mais críticos para oferecer programas, como de proteção de testemunhas.
"O Estado brasileiro tem que buscar dar políticas de proteção. Vamos discutir situações individualizadas que permitam a nós efetivamente buscar garantias a essas vítimas. Posso dizer que haverá todo o empenho do governo federal para que não ocorram novas mortes e todo o empenho para que as mortes não fiquem impunes", afirmou.
Cardozo explicou que escolta policial de 24 horas para uma pessoa envolve, no mínimo, oito policiais. Segundo ele, como há mais de mil pessoas ameaçadas, seria preciso usar quase todo o efetivo da Polícia Federal, que hoje é de 9 mil homens. Mortes
Nas últimas semanas quatro pessoas foram assassinadas na Região Norte em decorrência de conflitos agrários. A última foi na manhã desta quinta. A vítima, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), se chama Marcos, tem 35 anos, e morava em um acampamento na cidade há cerca de quatro anos. O sobrenome dele ainda não foi divulgado.
O superintendente Regional da Polícia Civil no Sudeste do Pará, delegado Alberto Henrique Teixeira, afirmou ao G1 que o homem foi baleado na Zona Rural da cidade. Não há informações sobre o autor do tiro. Ainda de acordo com a CPT, outros trabalhadores rurais teriam visto dois homens encapuzados circulando nas proximidades do acampamento, momentos antes do crime.
Casos recentes
O casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foi morto em uma "tocaia" em uma estrada na Zona Rural de Nova Ipixuna (PA), em 24 de maio. A Polícia Civil do Pará descartou qualquer relação entre a morte dos dois com a do agricultor Eremilton Pereira dos Santos, morto em 28 de maio, em Nova Ipixuna (PA).
De acordo com José Humberto de Melo, da delegacia de Conflitos Agrários de Marabá e responsável pela investigação, o homicídio foi uma 'infeliz coincidência'. "Que fique claro que (a morte) não tem nenhum envolvimento", disse Melo.
Em 30 de maio, um homem foi preso por suspeita de ter assassinado o líder camponês Adelino Ramos, o Dinho, conhecido por fazer denúncias de extração ilegal de madeira na região Norte do país, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança de Rondônia.
Segundo o delegado Pedro Mancebo, o suspeito foi detido por policiais civis de Extrema de Rondônia, onde se escondia, e procurou a polícia para se entregar. Em seguida ele foi levado para um quartel da Polícia Militar na cidade de Nova Califórnia.
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