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| Foto: Christophe Simon/AFP

O mundo deve se preparar para uma epidemia de microcefalia, à medida que o zika se estende a outros países - adverte um estudo com novas provas de que o vírus causa essa má-formação congênita que prejudica o desenvolvimento cerebral.

Em um relatório publicado nesta sexta-feira (16) pela revista científica britânica The Lancet, pesquisadores do Brasil e do Reino Unido mostram novas provas de que o zika é o responsável por casos de microcefalia em bebês de mães infectadas com o vírus durante a gravidez.

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Quase metade de um grupo de 32 recém-nascidos com microcefalia no Brasil apresentou rastros do vírus no sangue e no líquido cefalorraquiano. No grupo de controle, nenhum dos 62 bebês sem a má-formação deu positivo para o zika.

Essa “associação evidente” - afirmam os pesquisadores - levou a concluir “que a epidemia de microcefalia é o resultado de uma infecção congênita com o vírus”.

Nesse caso, advertem, “deveríamos nos preparar para uma epidemia de microcefalia estendida a todos os países onde existe transmissão local do vírus e àqueles para onde é provável que se propague”.

“Recomendamos (...) que nos preparemos para uma epidemia global de microcefalia e outros transtornos associados à síndrome congênita do zika”, completa a equipe.

Na lista

Os pesquisadores também recomendaram acrescentar o zika à categoria de infecções congênitas capazes de afetar a saúde do bebê antes, ou durante, o nascimento. A lista inclui atualmente toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus, HIV e herpes.

O vírus zika se transmite principalmente através de mosquitos e, em raras ocasiões, por via sexual. Na maioria dos casos, a infecção provoca apenas sintomas brandos, ou passa despercebida.

Em um surto originado em meados de 2015, o zika foi associado à microcefalia e a casos pouco frequentes de transtornos neurológicos em adultos, como a Síndrome de Guillain-Barré (GBS), que pode causar paralisia e morte.

Mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas com o vírus zika, principalmente no Brasil, o país mais afetado, e mais de 1,6 mil bebês nasceram com microcefalia desde o ano passado, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Até o momento, não existe tratamento, nem vacina, contra o vírus.

Os pesquisadores indicam que seu estudo foi o primeiro a incluir uma amostra de “controle” de crianças saudáveis, duas para cada recém-nascido com microcefalia. Usar um grupo de controle é uma forma de os cientistas testarem o impacto de uma única variável - neste caso, a infecção pelo zika - entre dois grupos que sejam o mais parecido possível em outros aspectos.

Foram observados recém-nascidos com microcefalia em oito maternidades públicas de Pernambuco entre 15 de janeiro e 2 de maio de 2016.

Para cada caso, os “controles” foram os dois primeiros bebês saudáveis nascidos no dia seguinte. No total, 80% das mães de recém-nascidos com microcefalia foram infectadas durante a gravidez, contra 64% das mães de bebês saudáveis.

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